And here´s your moment of Zen. Truly.
Os 3 minutos mais bem empregues dos últimos tempos.
É isto. É exactamente isto.
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Os 3 minutos mais bem empregues dos últimos tempos.
É isto. É exactamente isto.
Eu sou, claramente, uma gaja optimista. Já vivi mais tristezas em 36 anos que muitos de vocês encontrarão numa vida inteira. Não ser optimista e feliz seria quase uma sobranceria para com o que a vida me permitiu fazer e um sinal, claro, de muito pouca inteligência. Por isso me incomoda este mau estar geral, esta infelicidade endógena que nos apodrece e paralisa. Esta conversa da crise, da contenção que nos exigem com medidas que não entendo. Como me aflige olhar à volta e perceber que a depressão, a tristeza e a total demissão pela própria vida é mais valorizada que o seu inverso.
Dizer que se está deprimido passou a ser um sinal de status. Trocar referências de «médicos amigos» é desbloqueador de conversa. E contar, à mesa de café, os nomes dos comprimidos que se enfiam bucho abaixo é tão normal quanto pedir uma bica escaldada. E pergunto-me: desde quando é que ser-se infeliz é bom? Em que momento da nossa patética existência como comunidade e projecto social passou a ser cool ser-se ansioso, viver com medo e existirmos em dormência farmacêutica? E quando é que mudámos de paradigma e ser feliz, optimista, responsável pelo seu bem-estar passou a ser um tratado de estupidez e perca de tempo?
Agora que escrevo isto até entendo. Stroke of insight. Ser optimista não é ser pateta alegre nem ver a vida com lentes cor de rosa. Mas dá trabalho. Oh se dá. Dá aquele trabalho que ninguém pode fazer por nós. Não há cábulas, internet nem relatos que nos valham. Estamos nós, sem aditivos, e nós mesmos. E acreditem, eu sei o quanto isso pode ser assustador. Mas estar atento e consciente do que a vida nos traz é um processo compensador. Além disso, expliquem-me os infelizes e depressivos crónicos: o negrume tem funcionado?
A tristeza acontece, as questões infelizes aparecem, sem que possamos fazer nada. Mas cultivar a natureza de um sentimento que nos faz mal, que nos oblitera, nos confunde e nos mata, através de um automatismo de pill-popping - vão ao Google - sem mais trabalho nosso ou pedido de ajuda, parece-me pouco. Vivemos rodeados de PPP com síndrome de KKK - este acho que não precisam de ir ao Google. E cada um faz o que quer, obviamente. Mas não me fodam. Não me olhem de lado quando me proclamo feliz, quando me meto nas merdas new age porque a old age não me faz sentido ou quando escrevo textos destes porque sei, melhor que muita gente, o que é morrer e nascer de novo.
E se eu consigo, vocês também.
(...) E posto que viver me é excelente
cada vez gosto mais de menos gente (...)
Agostinho da Silva
Misógino, mas bom.
Olá. Estou a passar uma fase complicada na minha vida, um desgosto amoroso de uma relação de 2 anos e meio. Será que me podes dar umas dicas de como ultrapassar isso? Sou obrigado a conviver diariamente com a outra...
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Súbdito Devidamente Identificado
Estimado Súbdito,
tenho boas e más notícias. As más, primeiro: não há nada que eu lhe possa dizer que o meu caro não saiba também. Não há remédios caseiros, poções encantadas e seredipismos que nos tornem, subitamente, cientes que, apesar de o nosso amor ter ficado para trás, continuamos vivos. Na verdade, só nós é que achamos que não sobrevivemos a uma relação fracassada. Se reparar bem, o dia continua a ser dia, a noite continua a ser noite e a natureza do amor romântico não vai deixar de implicar a perda só porque nos fartamos de sofrer.
Gostaria muito de ter uma lista, bem concatenada, de tarefas e instruções que fizessem desaparecer e sensação de termos ficado sem uma perna ou um braço. Gostaria de a ter pra si, pra mim, e para toda a gente que tem coragem de se ligar a outro sabendo que o pode perder. Mas, acredite ou não, apesar de eu mesma estar no rescaldo de um coração partido, se essa lista existisse, os meus olhos não passariam por ela. Porque não há maior oportunidade de nos tornarmos na pessoa que queremos ser que o espaço por preencher de alguém que já não está. Parece-me que não há nada que possa fazer para mudar o que aconteceu. Está feito e para sempre inscrito na sua história pessoal.
O que pode fazer, e estas são as boas notícias, é decidir como viver essa falta. Isso, sim, depende de si e vai colmatar a falta de controlo que só sente quem já se deixou ser guiado por um sentimento forte que, de repente, desaparece. E eis o que eu sei, o que aprendi: por muito difícil que seja, por muito que achemos que nunca vamos encontrar ninguém igual, que a pessoa que se foi concentrava nela todas as qualidades do mundo, isso não é verdade. O desgosto amoroso, em parte como o amor, é, na sua essência mentiroso. Faz-nos acreditar que morrermos a cada golfada de ar sem nos deixar perceber que é o ar que, precisamente, nos faz viver.
O que é que pode fazer? Continuar a andar. Um dia, quando menos esperar, a coisa passa. Oh, se passa.
Palavra.
PS. ofereço-lhe esta. Das minhas favoritas. Enjoy!
Saiu apenas com uma mala. Lá dentro colocou dois filhos, rapazes, um cão, a casa de Lisboa e a de fim-de-semana, os mimos, o riso, o sexo e aquele ingrediente extra que por não ter nome parece nada mas que é o tudo que faltou. Closure, ouviu nos filmes. É a palavra que designa o momento em que sai de casa de mala na mão e coração na boca. Aqui não volto.
Uma das belezas deste blog tem a ver com a quantidade de mails que recebo de pessoas que confiam o suficiente para me colocarem nas mãos medos e questões que as atormentam. Assim sendo, decidi reabrir o consultório: Sissi Responde is back. Mandem mail para o Correio da Princesa, aqui mesmo ao lado. Anonimato garantido, sinceridade e generosidade confirmadas.
Até lá, e depois de dias a debater-me com uma história que me chegou, fiquem-se com esta pérola de sabedoria:
Se vos parecer que o objecto do vosso desejo não vos deseja da mesma maneira, em toda a probabilidade, é porque não deseja mesmo.
Estava eu em momentos de júbilo alimentar, sentada na minha poltrona nova a degustar umas tostas com um Pienza Pecorino que acompanhei com um Margaux, quando tive uma ideia do caralhão. Ora bem, sucede o seguinte: como vos disse, os vídeos de promoção do novo livro vão começar a andar por aí. Um deles terá dois protagonistas que vocês talvez conheçam - numa narrativa de bradar aos céus... - e os outros serão feitos integralmente pelos meus amigos, que vão retirar do seu precioso tempo para ler para a câmara partes da Obra.
Ora o que é que eu pensei - já depois de ter mamado as iguarias supracitadas e já a preparar-me para enfardar uns biscoitinhos Bacci de Dama, com os quais me venho aos baldes - pensei que giro, giro era se vocês quisesses igualmente participar. Afinal de contas, a Obra é feita pelas quase 700 pessoas que responderam ao quizz. Sem vocês, grelame e machame do meu coração, a Obra não existia. Para o bem e para o mal. Assim sendo, em querendo fazer parte desta grande rambóia, enviem mail que encontraremos forma de a coisa se dar. O que ganham com isto? Um livro. É mau? Não. Porque vai ser do caralhão.
Maneiras que é isto. Mail, aparecer, divertir e esperar pelo resultado final.
Sou uma Princesa tão fixe que só me apetece dar beijos a mim mesma.
Caro Sporting,
acho que desta é de vez. Depois da forma como te tens comportado nos últimos anos não me resta mais do que olhar-te nos olhos e dizer-te adeus. E escusas de vociferar. Já nem o teu rugido se ouve. Estás de quatro e ainda não percebeste. Já todos te gozam. Até os labregos do Benfica, filisteus desportivos, gentalha do garrafão e da bifana, até esses te olham sobranceiros, da margem sul da segunda circular, e se riem de ti.
Empate com o Nacional? Numa noite já fria em que nem o suposto aconchego do camarote barrica o gelo que se sente a cada golo adversário? Só podes estar a gozar comigo. Eu, tua adepta dedicada, sócia há 36 anos feitos há dias, que, durante anos, fiz do falecido estádio de Alvalade a minha casa, quer por via profissional, quer desportiva, que ganhei medalhas em teu nome, que escrevi os primeiros artigos nas já amarelas páginas do Jornal Sporting, que engatei, com sucesso, o meu primeiro jogador da bola à porta da 10A, TU AGORA FAZES-ME ESTA MERDA, CARALHO?
Esquece-me. Fartei-me. Não, não, não há outro clube. Deixo-te as chaves do camarote nas meninas que estão à entrada. E já agora, diz-lhes que elas não sabem temperar um sumo de tomate comme il faut. But then again, comme il faut é qualquer coisa que há muito já te abandonou.
Esforço, dedicação e devoção tem um certo na minha lista. A ti, bastava-te a glória. Domage. Pode ser que para o ano lá volte. Ou não. A ver.
Dentre as muitas qualidades que me integram, a paciência nunca foi uma delas. Saber esperar é uma arte secreta que, na minha cabeça, sempre esteve guardada para os outros. Os que, dir-se-ia pelo estoicismo com que aguardam a vida, sabem coisas que eu desconheço, segredos que a minha cartilha não viu impressa. Ser paciente é ter confiança. Em si mesmo, nos outros, no Universo. Mas é, sobretudo, conseguir perceber que só o tempo torna tudo mais claro, daquela claridade que nos faz, subitamente, dar passos em frente com a certeza da mudança de luas e diferença de marés.
As relações, sejam elas quais forem, precisam de tempo. Nós todos precisamos de tempo uns com os outros. O próprio tempo precisa de calma no seu vogar e de não ser apressado. Parece-me pacífico e consensual. Assim sendo, porque raio, d'un coup, mergulhamos em histórias mal contadas, mal paridas e, no final, tão mal vividas? Como diz a canção: «first we take Manhattan, then we take Berlin». Mas não. Primeiro tomamo-nos de assalto, ao reclamar para nós a vivência das falácias que aprendemos a ouvir, e depois tomamos os outros de assalto, com as consequências que essas ideias pré-concebidas acarretam.
Exemplo? Simples. As metades da laranja. A pessoa que completa. O outro que é «tapa buracos». Os filmes e as músicas que ouvimos fodem-nos muito a cabeça. Estou por descobrir as letras que dizem: «o outro não é fita isolante». «O outro não tem culpa da minha falta de pai e mãe». «O outro existe por si só, respira sozinha e anda pelo seu pé. Ah, e já agora, eutambém.» Não me convencem com esta coisa do amor mágico. O que me obriga a desaparecer na pessoa com quem vivo para ser uma metade. Que caralho é isso? Eu sou inteira. E procuro um inteiro. Sou das que constrói e que adiciona. Na minha tabuada, um mais um serão sempre dois. Dois.