02
Fev07
Pensamen(tesão) de Fim de Semana ou We´ll always have Badajoz...
sissi
Tenho alguma dificuldade em escrever e pensar sobre esta questão do aborto por me parecer que qualquer palavra escrita ou ideia veiculada tresanda a óbvio e redundância.
Para além disso, e como é apanágio das campanhas eleitorais até para administradores de condomínio, as pessoas não sabem discutir nem argumentar sem caír nos maniqueísmos que todas as questões conseguem colocar e desviar a atenção para outras que menos interessam do ponto de vista objectivo mas que enchem o olho e os tímpanos das cabeças pequenas que ouvem.
Discute-se a vida como quem regateia nos saldos, fala-se dos fetos como plantas e depositam-se crenças nos menos informados com a falta de honestidade que caracteriza os grandes idiotas. Como sempre em Portugal, de cada vez que há uma questão que bule com a opinião pública há sempre os que se colocam em bicos dos pés para alarvar frases feitas e desinformar ainda mais. Descobrem-se questões e ódios pessoais refervidos entre ilustres apoiantes das facções em jogo e o campo de discussão torna-se exíguo para tanta vingança individual.
De um lado e outro, as campanhas enfermam de défices diferentes. No Não pratica-se a mais reles e vil desconsideração pelas mulheres, no Sim pratica-se um desleixo e preguiça que nunca julguei ver. E esta campanha, que deveria ser ser sobretudo informativa e serena, é um circo onde não faltam os palhaços pobres e as focas amestradas.
Partindo do princípio que ninguém é a favor do aborto em si mesmo, julgo que a defesa mais fácil e óbvia é a posição do Não. Acontece, porém, que o mundo e a vida das pessoas não se compagina com facilitismos bacocos e a saúde, física e mental, das mulheres é um valor em si mesmo que os votantes do Não gostam de ignorar. Defende-se a vida a todo o custo e esquece-se da vida com dignidade. Limpam o sangue das «clínicas» de vão de escada com números e sondagens para descanso e consolo da sua própria consciência. Comparam-se abortos e penas de morte por necessidade de concatenar um discurso para um microfone ávido de lutas de galos.
As mulheres? Com o Não a ganhar terreno a este ritmo, e com os votantes do Sim a darem a coisa como garantida, o mais provável é que elas continuem a manter privados, privadíssimos, os seus «pecadillos» mais íntimos. Privados e solitários. «Trata tu disso e mantém-te discreta.» E depois às vezes corre mal.
Cheira-me que este referendo também me vai correr mal. Felizmente, we´ll always have Badajoz...
Para além disso, e como é apanágio das campanhas eleitorais até para administradores de condomínio, as pessoas não sabem discutir nem argumentar sem caír nos maniqueísmos que todas as questões conseguem colocar e desviar a atenção para outras que menos interessam do ponto de vista objectivo mas que enchem o olho e os tímpanos das cabeças pequenas que ouvem.
Discute-se a vida como quem regateia nos saldos, fala-se dos fetos como plantas e depositam-se crenças nos menos informados com a falta de honestidade que caracteriza os grandes idiotas. Como sempre em Portugal, de cada vez que há uma questão que bule com a opinião pública há sempre os que se colocam em bicos dos pés para alarvar frases feitas e desinformar ainda mais. Descobrem-se questões e ódios pessoais refervidos entre ilustres apoiantes das facções em jogo e o campo de discussão torna-se exíguo para tanta vingança individual.
De um lado e outro, as campanhas enfermam de défices diferentes. No Não pratica-se a mais reles e vil desconsideração pelas mulheres, no Sim pratica-se um desleixo e preguiça que nunca julguei ver. E esta campanha, que deveria ser ser sobretudo informativa e serena, é um circo onde não faltam os palhaços pobres e as focas amestradas.
Partindo do princípio que ninguém é a favor do aborto em si mesmo, julgo que a defesa mais fácil e óbvia é a posição do Não. Acontece, porém, que o mundo e a vida das pessoas não se compagina com facilitismos bacocos e a saúde, física e mental, das mulheres é um valor em si mesmo que os votantes do Não gostam de ignorar. Defende-se a vida a todo o custo e esquece-se da vida com dignidade. Limpam o sangue das «clínicas» de vão de escada com números e sondagens para descanso e consolo da sua própria consciência. Comparam-se abortos e penas de morte por necessidade de concatenar um discurso para um microfone ávido de lutas de galos.
As mulheres? Com o Não a ganhar terreno a este ritmo, e com os votantes do Sim a darem a coisa como garantida, o mais provável é que elas continuem a manter privados, privadíssimos, os seus «pecadillos» mais íntimos. Privados e solitários. «Trata tu disso e mantém-te discreta.» E depois às vezes corre mal.
Cheira-me que este referendo também me vai correr mal. Felizmente, we´ll always have Badajoz...