03
Jan05
TPM # 6
sissi
Caro rapazola,
não espero que esta te encontre bem, como sói dizer-se em missivas antigas. Espero mesmo que este ano novo não te traga grande merda. Que o mal que fazes aos outros vá direitinho, e em doses cavalares, de volta para ti, e que um dia experimentes o sabor do teu veneno e morras lentamente.
Nem sei bem por onde começar. Agora que finalmente consigo detestar-te, coisa que nem está no meu código genético, tenho que concatenar uma lista se não quiser deixar nada de fora. Mas nem vou fazê-lo. Só queria que soubesses que ganhaste. Que a guerra acabou. Mas que a tua vitória não terá o gosto dos vencedores. Ganharás por desistência do adversário. Desisto. Acabaram-se as manipulações, as voltas trocadas, os boicotes. Qual abutre, não voltarás a «cheirar-me», a estudar-me os passos e as palavras, mas em surdina, como bom cobarde que és.Não voltarei a olhar para a tua cara e a lembrar-me da merda que foste, de como abandonaste o navio mesmo antes dos ratos, e de como me deixaste patinar, em estertor amoroso, sem me dizeres nada, para, mais tarde, ostentares um «não és suficientemente interessante» do alto da tua arrogância e sobranceria. Hoje, metes-me nojo, e não sei porque o fazes agora nem como aconteceu. Mas sinto-o tanto como senti um dia que poderias ser tu.
E é claro que também cometi erros. Também fui merdosa. Principalmente por ter acreditado durante todo este tempo que eras mais e melhor que eu e ter continuado a deixar que me manobrasses como uma boneca de trapos. Acabou. Fartei-me. Estou certa que arranjarás nova presa a quem sugares a alegria e a vontade de amar, para, assim, apaziguares as tuas tormentas, os teus pesadelos e te esqueças do vazio que és.
Neste ano novo, vais ser o fardo que deixarei para trás e a minha melhor resolução.
Vai à tua vida, mas antes, se conseguires, arranja uma...