16
Out06
O Inominável ou Intervalo
sissi
Há coisas que por muito científicas e provadas que sejam eu nunca acreditarei nelas. Eu nasci em Paris e vim de cegonha. Isto porque os pais são como os anjos, não têm sexo. Nem real nem de género. São pais e a coisa acaba aí.
É verdade que este tipo de pensamento enferma na infantilidade com que é produzido mas não consigo imaginar os meus pais a ter sexo. Aliás, nem consigo dizer ou escrever a palavra «foder» alocada a este caso. Mas pais são pais e os pais, como se sabe, não fazem o Inominável.
Julgo que muitos de nós já passamos pela situação, no mínimo traumatizante e constrangedora, de ouvir um gemido ou arfar mais contudente no silêncio de uma noite que parecia calma. A mim aconteceu-me. Uma vez. E chegou. Lembro-me também de ter estado três dias sem olhar para a cara deles e do vómito ser precedido da imagem, funesta, dos pais a praticar o Inominável.
Foi, mais ou menos, a partir dessa altura que passei a adormecer de walkman nos ouvidos, não fosse o desejo morar nas bandas do quarto ao lado e os meus pais desatarem a «inominalizar» como se não houvesse amanhã. Pensar que os pais são pessoas que têm erecções e orgasmos está para lá do que a minha mente real permite.
E vivam os quartos insonorizados! Apre! Medo!
É verdade que este tipo de pensamento enferma na infantilidade com que é produzido mas não consigo imaginar os meus pais a ter sexo. Aliás, nem consigo dizer ou escrever a palavra «foder» alocada a este caso. Mas pais são pais e os pais, como se sabe, não fazem o Inominável.
Julgo que muitos de nós já passamos pela situação, no mínimo traumatizante e constrangedora, de ouvir um gemido ou arfar mais contudente no silêncio de uma noite que parecia calma. A mim aconteceu-me. Uma vez. E chegou. Lembro-me também de ter estado três dias sem olhar para a cara deles e do vómito ser precedido da imagem, funesta, dos pais a praticar o Inominável.
Foi, mais ou menos, a partir dessa altura que passei a adormecer de walkman nos ouvidos, não fosse o desejo morar nas bandas do quarto ao lado e os meus pais desatarem a «inominalizar» como se não houvesse amanhã. Pensar que os pais são pessoas que têm erecções e orgasmos está para lá do que a minha mente real permite.
E vivam os quartos insonorizados! Apre! Medo!