20
Jul06
O Jogador
sissi
Tirando os sádicos, não ha nenhum tipo de homem que me assuste. Com maior ou menor dificuldade, tenho conseguido lidar com todos os que me tenho esbarrado com os resultados que a ocasião pedia. Porém, há um tipo de gajo que, não me fazendo fugir, também não me faz exultar. Falo dos jogadores.
Concedo que todos jogamos um jogo. Uns contra o mundo, outros contra si próprios, cada um encontra como pode formas e formatos de encaixe, dependendo a ergonomia desse contorno do que estamos dispostos a fazer. No entanto, falo de uma casta de tipos que se movimenta noutro plano. Não entrando na escala da apreciação valorativa, há uma certa sobranceria no jogador. Aquela noção de que a bola está intrinsecamente do lado deles e é movimentada ao ritmo dos seus humores. Bebem da cartilha do bluff como quem bebe um copo de água e divertem-se com a sede dos outros. Transpiram peremptoriedade e retórica. Elaboram sob hermenêutica e demagogia.
Obviamente que não demonizo o jogador. Quando não é comigo até lhes acho piada. Quando não sou eu o parceiro do outro lado da mesa, consigo até apreciar as jogadas de mestre. Acontece que eu não sou uma jogadora e tenho muito pouca paciência para jogar. Aliás, precisamente porque não nasci com a capacidade de aguardar tenho pouca resistência à frustração que sempre me provocam os jogos. Não vendo resultados, ou não os vendo positivos para o meu lado, aborrece-me. Enfada-me. Claramente, eu não sei jogar.
Não nasci com esse poder de antecipação e hiperventilo com facilidade. Gosto da vida calma e gosto de a viver como ela se me apresenta. Não tenho planos para os outros, a existência deles não me atormenta ao ponto de paralizar, agindo. Não há um ponto, uma estratégia escondida, um não dito. Gosto da simplicidade de achar que as pessoas e as coisas podem ser simples.
E por isso não jogo.
Concedo que todos jogamos um jogo. Uns contra o mundo, outros contra si próprios, cada um encontra como pode formas e formatos de encaixe, dependendo a ergonomia desse contorno do que estamos dispostos a fazer. No entanto, falo de uma casta de tipos que se movimenta noutro plano. Não entrando na escala da apreciação valorativa, há uma certa sobranceria no jogador. Aquela noção de que a bola está intrinsecamente do lado deles e é movimentada ao ritmo dos seus humores. Bebem da cartilha do bluff como quem bebe um copo de água e divertem-se com a sede dos outros. Transpiram peremptoriedade e retórica. Elaboram sob hermenêutica e demagogia.
Obviamente que não demonizo o jogador. Quando não é comigo até lhes acho piada. Quando não sou eu o parceiro do outro lado da mesa, consigo até apreciar as jogadas de mestre. Acontece que eu não sou uma jogadora e tenho muito pouca paciência para jogar. Aliás, precisamente porque não nasci com a capacidade de aguardar tenho pouca resistência à frustração que sempre me provocam os jogos. Não vendo resultados, ou não os vendo positivos para o meu lado, aborrece-me. Enfada-me. Claramente, eu não sei jogar.
Não nasci com esse poder de antecipação e hiperventilo com facilidade. Gosto da vida calma e gosto de a viver como ela se me apresenta. Não tenho planos para os outros, a existência deles não me atormenta ao ponto de paralizar, agindo. Não há um ponto, uma estratégia escondida, um não dito. Gosto da simplicidade de achar que as pessoas e as coisas podem ser simples.
E por isso não jogo.