17
Abr06
The Great Pretender
sissi
Ultimamente tenho dedicado mais tempo à blogosfera que a qualquer outra actividade (excepto à procura de emprego e ao onanismo). Por ter demasiado tempo entre mãos, tenho-me dedicado ao navegar nestas águas por vezes turbulentas do pequeno mundo dos blogs. Para além dos que visito regularmente, dois ou três, decidi prescrutar, quase a link a link, o que os seus autores tinham para me dizer. Tal como calculava, há de um tudo. Milhentos assuntos e temáticas, diversas formas de abordagem das situações, enfim, o cenário habitual que certamente conhecem.
Ao dar a volta por uma dezena desses blogs, coincidentemente os mais, soit disent, influentes da blogosfera - por os seus autores serem conhecidos antes do respectivo blog ou por se terem tornado falados por via do mesmo - dei-me conta de um elemento comum. Mais do que as coisas que diziam, sobre as quais não me pronuncio, foi o tom altamente pretensioso com que o fazim. E ri-me, claro. Da mesma forma que sorri com a rede de amigos e amiguismos que facilmente se percebe através dos links nas páginas. É um lamber de cús tão mal feitinho que só dá mesmo para rir. É obviamente legítimo, por Zeus, façam o que entenderem, mas é tão poucochinho... Suponho serem uma gente difícil de conversar, porque, nota-se a léguas, escrever deve ser o seu acto de masturbação diária. Os seus textos estão pejados de informação literária, nomes de autores escandinavos ou bielo-russos, marcas distíntissimas que só eles conhecem, títulos pomposos. E isto parece ser tão mais importanto conquanto uma forma de vida. É um frenesim pela busca pelo novo autor, a novidade, o tema, o agenda setting, o IT. Mas nenhuma destas referências porderá ser acessível ao homem comum. Zeus nos livre! A popularidade na blogosfera é inversamente proporcional ao popularucho. Ou mesmo ao popular. Já ao pop, como é fashionable, pode ser usado, mas sempre em doses moderadas. E depois adoram palavras com mais de três sílabas. E hifenadas.
Na realidade, e indo à genese da palavra, pretensioso é o que pretende. E que pretendem estes pretensiosos? Pretendem que nos achemos que eles são uma coisa que nós não somos. E pretendem que nós queiramos ser como eles. Quem se importa que alguém queira ser como nós? Ninguém. Até gostamos. O que os pretensiosos desta blogosfera pretendem, e infelizmente de tantas outras esferas, é mostra-nos quão mais sapientes e versáteis e cultos eles são relativamente aos outros. Eles querem ser a pessoa que toda a gente quer ser, não percebendo que isso os coloca, exactamente, ao nível de todos nós... Quem não quer ser A pessoa para outro qualquer?
Nesta ronda vi sobretudo falta de vida, falta de gente dentro. Será que vivem? Ou simplesmente existem? E existirão fora da blogosfera? Será que sabem do que falam? Ou os livros e os filmes e a erudição que parece rodeá-los lhes tolda o empirismo dessas mesmas coisas?
Aqui na xafarica, mal ou bem, provavelmente mais vezes mal que bem, as coisas têm vida. Doídas umas, felizes outras, mas sempre, sempre, vividas.
Ao dar a volta por uma dezena desses blogs, coincidentemente os mais, soit disent, influentes da blogosfera - por os seus autores serem conhecidos antes do respectivo blog ou por se terem tornado falados por via do mesmo - dei-me conta de um elemento comum. Mais do que as coisas que diziam, sobre as quais não me pronuncio, foi o tom altamente pretensioso com que o fazim. E ri-me, claro. Da mesma forma que sorri com a rede de amigos e amiguismos que facilmente se percebe através dos links nas páginas. É um lamber de cús tão mal feitinho que só dá mesmo para rir. É obviamente legítimo, por Zeus, façam o que entenderem, mas é tão poucochinho... Suponho serem uma gente difícil de conversar, porque, nota-se a léguas, escrever deve ser o seu acto de masturbação diária. Os seus textos estão pejados de informação literária, nomes de autores escandinavos ou bielo-russos, marcas distíntissimas que só eles conhecem, títulos pomposos. E isto parece ser tão mais importanto conquanto uma forma de vida. É um frenesim pela busca pelo novo autor, a novidade, o tema, o agenda setting, o IT. Mas nenhuma destas referências porderá ser acessível ao homem comum. Zeus nos livre! A popularidade na blogosfera é inversamente proporcional ao popularucho. Ou mesmo ao popular. Já ao pop, como é fashionable, pode ser usado, mas sempre em doses moderadas. E depois adoram palavras com mais de três sílabas. E hifenadas.
Na realidade, e indo à genese da palavra, pretensioso é o que pretende. E que pretendem estes pretensiosos? Pretendem que nos achemos que eles são uma coisa que nós não somos. E pretendem que nós queiramos ser como eles. Quem se importa que alguém queira ser como nós? Ninguém. Até gostamos. O que os pretensiosos desta blogosfera pretendem, e infelizmente de tantas outras esferas, é mostra-nos quão mais sapientes e versáteis e cultos eles são relativamente aos outros. Eles querem ser a pessoa que toda a gente quer ser, não percebendo que isso os coloca, exactamente, ao nível de todos nós... Quem não quer ser A pessoa para outro qualquer?
Nesta ronda vi sobretudo falta de vida, falta de gente dentro. Será que vivem? Ou simplesmente existem? E existirão fora da blogosfera? Será que sabem do que falam? Ou os livros e os filmes e a erudição que parece rodeá-los lhes tolda o empirismo dessas mesmas coisas?
Aqui na xafarica, mal ou bem, provavelmente mais vezes mal que bem, as coisas têm vida. Doídas umas, felizes outras, mas sempre, sempre, vividas.