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Abr06
Retalhos do meu Portugal
sissi
Estava eu aqui a pensar no post anterior e nas razões que teriam levado o incauto repórter às elocubrações sobre a nossa (vossa) cidade de Lisboa, quando me lembrei do queixume diário do português médio face às dificuldades do seu quotidiano. Depois de concatenada a lista, eis as razões que fazem do meu Portugal uma Babilónia suspensa com gente estranha dentro.
1 - O GOVERNO
Com algum jeitinho e muita lata conseguimos culpar o governo por virtualmente tudo. Pelo trânsito cada vez pior, o Verão que nunca mais chega, a humidade no quarto das visitas, as ganzas de má qualidade, you name it. É uma chatice, culpa-se o governo. É uma seca, culpa-se o governo. Cheira mal, culpa do governo. Cheira bem, governo é o culpado. E se houver alguma coisa pela qual não consigamos culpar o governo, é porque estamos a olhá-la pelo prisma errado...
2 - OS PORTUGUESES
É o fado, o destino, o karma. Ser português é uma fatalidade e não se fala mais nisso. Habituamo-nos desde cedo a esta guerrilha instalada connosco mesmos e agora até lhe achamos piada. De resto, dizer mal é muito mais engraçado que dizer bem. Dizer bem não tem piada nenhuma. Dizer bem não dá para fazer piadas. Giro mesmo é dizer mal. E dá mais estilo. O tuga gosta de falar mal de si mesmo. Mas não na perspectiva positiva, de assumpção dos negativos, promovendo os positivos. Népia. Isso era fácil demais. A abordagem coitadinha é muito melhor porque é a única que permite que não se faça absolutamente nada. Se somos assim tão inúteis, para quê fazer alguma coisa? É a desresponsabilização pela piedade. No fundo até somos espertos...
3 - A GALINHA DO VIZINHO
Este item é estranho. Mas falo de bairrismo. Para os do Norte, o Poder está em Lisboa. Os do Sul dizem que no Norte está o dinheiro. Os do meio não são tidos nem achados na contenda e, provavelmente, acham-se ignorados em tão importante disputa e por isso amuam também. E assim se retalha um mapa...a erva é sempre mais verde do outro lado da cerca...
4 - O CHEFE
O chefe é como se fosse o Governo. Aliás, o chefe é o governo de cada unidade produtiva. No caso português, não produtiva. Se falta a água no prédio a culpa é de quem? Do chefe, obviamente... se fazes muitas pausas para cigarros e café e és repreendido, a culpa é do chefe que é um cabrão dum insensível que não percebe que as pessoas têm vícios. Se não foste escolhido para aumentos nesse ano porque produzes menos que os outros, a culpa é do chefe porque a tua cadeira não é ergonómica e as colunas do PC não funcionam. Uma unidade não-produtiva como um escritório típico português é um mini-governo com uma mini-população.
Aceitam-se outras apostas...
1 - O GOVERNO
Com algum jeitinho e muita lata conseguimos culpar o governo por virtualmente tudo. Pelo trânsito cada vez pior, o Verão que nunca mais chega, a humidade no quarto das visitas, as ganzas de má qualidade, you name it. É uma chatice, culpa-se o governo. É uma seca, culpa-se o governo. Cheira mal, culpa do governo. Cheira bem, governo é o culpado. E se houver alguma coisa pela qual não consigamos culpar o governo, é porque estamos a olhá-la pelo prisma errado...
2 - OS PORTUGUESES
É o fado, o destino, o karma. Ser português é uma fatalidade e não se fala mais nisso. Habituamo-nos desde cedo a esta guerrilha instalada connosco mesmos e agora até lhe achamos piada. De resto, dizer mal é muito mais engraçado que dizer bem. Dizer bem não tem piada nenhuma. Dizer bem não dá para fazer piadas. Giro mesmo é dizer mal. E dá mais estilo. O tuga gosta de falar mal de si mesmo. Mas não na perspectiva positiva, de assumpção dos negativos, promovendo os positivos. Népia. Isso era fácil demais. A abordagem coitadinha é muito melhor porque é a única que permite que não se faça absolutamente nada. Se somos assim tão inúteis, para quê fazer alguma coisa? É a desresponsabilização pela piedade. No fundo até somos espertos...
3 - A GALINHA DO VIZINHO
Este item é estranho. Mas falo de bairrismo. Para os do Norte, o Poder está em Lisboa. Os do Sul dizem que no Norte está o dinheiro. Os do meio não são tidos nem achados na contenda e, provavelmente, acham-se ignorados em tão importante disputa e por isso amuam também. E assim se retalha um mapa...a erva é sempre mais verde do outro lado da cerca...
4 - O CHEFE
O chefe é como se fosse o Governo. Aliás, o chefe é o governo de cada unidade produtiva. No caso português, não produtiva. Se falta a água no prédio a culpa é de quem? Do chefe, obviamente... se fazes muitas pausas para cigarros e café e és repreendido, a culpa é do chefe que é um cabrão dum insensível que não percebe que as pessoas têm vícios. Se não foste escolhido para aumentos nesse ano porque produzes menos que os outros, a culpa é do chefe porque a tua cadeira não é ergonómica e as colunas do PC não funcionam. Uma unidade não-produtiva como um escritório típico português é um mini-governo com uma mini-população.
Aceitam-se outras apostas...