04
Abr06
As curtes
sissi
Não sei se por estar a viver em Londres e os melhores dias da minha vida, se por a cidade me inspirar, se por me sentir mais mulher que nunca, o certo é que o meu passado tem sido uma constante no meu presente. Não de uma forma pesada e desconstruída. É até com um sorriso nos lábios que recordo as várias fases e episódios que passei e onde, felizmente, revejo pessoas que estão comigo até hoje.
Ontem, enquanto esperava pelo night bus em Camden Town, reparei num casal imberbe que se beijava ao meu lado. Nestas alturas sou facilmente confundida com uma sexual pervert. Gosto de ver pessoas a beijar-se, gosto de as observar, reparar como o fazem, e sim, há uma certa tensão que se instala em mim, caso o casal seja maior de idade e a cena seja bonita. Enquanto reparava na dança de cabeças deste casal, dei por mim a lembrar-me das sessões de curte em casa dos amigos, enquanto faltávamos às aulas de Matemática no colégio. Vivam os pais ausentes! Eram sessões intermináveis de língua na boca, incólumes, inocentes.
Como sempre fui uma rapariga precoce, o meu primeiro french kiss foi dado aos 10 anos. Uma paixoneta pelo meu vizinho de carteira de escola que se consumou numa viagem de estudo ao Portugal dos Pequeninos...a coisa deve ter-se dado ali entre Alverca e o Carregado, tal era a vontade que tinha. Obviamente, fui eu que o beijei....Os bons hábitos começam cedo. Lembro-me de ter achado aquilo uma porcaria, uma troca de fluídos desnecessária. Pois se podíamos beijar só com o lábios, porque raio haveria de meter cuspo à mistura? A resposta a esta pergunta veio uns anitos mais tarde com as tardes de curtição. De resto, curtir era a moda do momento. Não namorávamos porque isso era dar muita bandeira relativamente ao que sentíamos pelo outro. Já novinhos fazíamos esses jogos. Por isso, quando a ocasião fazia o ladrão, lá estávamos nós, língua na boca, sem arrebatamento ou senso. Era uma coisa quase coreografada, que víamos nos adultos ou nos filmes. Não me lembro de haver tensão sexual por essa altura. Era mais um statement, uma coisa que faz parte, quase uma obrigação da idade e do grupo escolar.
Antes da primeira relação sexual, o beijo e as tardes de curte não eram mais que isso. Depois do sexo tudo mudou. Porque tudo passou a ter um fim. Ou, pelo menos, um próximo passo. Para alguns, curtir é um paliativo. Algo que está entre uma coisa e outra a que não se consegue chegar. Para outros, curtir é um preliminar. Para mim, os tempos das curtes eram uma coisa muito despreocupada e prazenteira. Curtiamos com todos e isso não fazia de nós umas putas. Os rótulos vieram mais tarde.
Ainda bem que a minha adolescência se fez antes dos lápis azuis...
Ontem, enquanto esperava pelo night bus em Camden Town, reparei num casal imberbe que se beijava ao meu lado. Nestas alturas sou facilmente confundida com uma sexual pervert. Gosto de ver pessoas a beijar-se, gosto de as observar, reparar como o fazem, e sim, há uma certa tensão que se instala em mim, caso o casal seja maior de idade e a cena seja bonita. Enquanto reparava na dança de cabeças deste casal, dei por mim a lembrar-me das sessões de curte em casa dos amigos, enquanto faltávamos às aulas de Matemática no colégio. Vivam os pais ausentes! Eram sessões intermináveis de língua na boca, incólumes, inocentes.
Como sempre fui uma rapariga precoce, o meu primeiro french kiss foi dado aos 10 anos. Uma paixoneta pelo meu vizinho de carteira de escola que se consumou numa viagem de estudo ao Portugal dos Pequeninos...a coisa deve ter-se dado ali entre Alverca e o Carregado, tal era a vontade que tinha. Obviamente, fui eu que o beijei....Os bons hábitos começam cedo. Lembro-me de ter achado aquilo uma porcaria, uma troca de fluídos desnecessária. Pois se podíamos beijar só com o lábios, porque raio haveria de meter cuspo à mistura? A resposta a esta pergunta veio uns anitos mais tarde com as tardes de curtição. De resto, curtir era a moda do momento. Não namorávamos porque isso era dar muita bandeira relativamente ao que sentíamos pelo outro. Já novinhos fazíamos esses jogos. Por isso, quando a ocasião fazia o ladrão, lá estávamos nós, língua na boca, sem arrebatamento ou senso. Era uma coisa quase coreografada, que víamos nos adultos ou nos filmes. Não me lembro de haver tensão sexual por essa altura. Era mais um statement, uma coisa que faz parte, quase uma obrigação da idade e do grupo escolar.
Antes da primeira relação sexual, o beijo e as tardes de curte não eram mais que isso. Depois do sexo tudo mudou. Porque tudo passou a ter um fim. Ou, pelo menos, um próximo passo. Para alguns, curtir é um paliativo. Algo que está entre uma coisa e outra a que não se consegue chegar. Para outros, curtir é um preliminar. Para mim, os tempos das curtes eram uma coisa muito despreocupada e prazenteira. Curtiamos com todos e isso não fazia de nós umas putas. Os rótulos vieram mais tarde.
Ainda bem que a minha adolescência se fez antes dos lápis azuis...