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Out05
Long Live the Youngsters!
sissi
Há poucas coisas que me fazem abrir a pestana de manhã. O meu ritual diário, praticamente monomaníaco, é feito de olhos fechados com uma precisação cirúrgica digna dos melhores ourives suíços. Do levantar ao sair de casa, a minha rotina é impregnada de bifidus activo: funciona como um relógio.
Assim que transponho os limites do Palácio Real em direcção à carreira que me levará ao local onde trato de coisas de extrema importância para a Humanidade, tenho dado de caras com um súbdito que faz os meus olhos abrirem quase até meio. Rapaz novo, que eu como com os olhos semi-cerrados, e que me faz ter pensamentos libidinosos no território da Carris, a horas impróprias para consumo. Só por isso, já vale a pena levantar de manhã. Para admirar aquelas 22 ou 23 aninhos cheios de saúde e imaginar, qual Gabrielle Solis ao jardineiro, a ser podada pelo corpo imberbe mas vigoroso do meu companheiro de viagem.
Claro que enquanto olho para ele e as minhas sinapses se movem a este ritmo, deixo escapar um sorriso ou outro, do tipo «comia-te todo», ao meu melhor género carroceiro, o que o faz ruborizar e desviar o olhar. E aí penso que há alguma coisa de bonito nisto, para além de extraordinariamente erótico... Os rapazes mais novos são menos complicados porque têm menos bagagem, menos vícios. São mais solíctos e estão dispostos a tudo para nos agradar, mesmo que o façam de forma atabalhoada que a falta de maturidade sexual obriga. Mas como são bons ouvintes, podem tornar-se bons amantes. Têm um traço recalcitrante que funciona em conjunto com a endurance da performance. E no final, the beauty of it, é que não nos querem para mãezinha, nem para esposa, nem namorada. Ficas a amiga mais velha, a que guia, ensina e dá prazer. Tout court!
E nunca mais é amanhã de manhã...