29
Ago05
Ele e Ela
sissi
Um homem. Uma mulher. Jantam numa varanda sobre Lisboa. Bebem um tinto, fumam uma ervazita jeitosa e falam sobre si próprios enquanto o Tejo os embala numa brisa quente e suave. Toda a Motown toca no rádio. O ambiente oscila entre a nostalgia da conversa e o riso potenciado pelo psicotrópico.
Ele – Já te curaste do Rapaz?
Ela – E tu? Já te curaste da Rapariga?
Ele – Está quase...e tu?
Ela – Está quase também...
Ele – Não queres falar nesse assunto? Ainda dói?
Ela – Não, já não dói. Mas depois da dor fica uma espécie de terreno não arável que impede o nascimento de qualquer forma de sentir...Qué será, será.
Ele – Eu agora gosto de estar sozinho.
Ela – Então estamos em sintonia.
Ele – Mas já dei por mim a dar quecas com tipas só para ver se me apetece ficar com alguma delas mais do que o estritamente necessário.
Ela – Eu quando dou quecas com tipos nem penso nisso.
Ele – Como assim? Mas nem te passa pela cabeça?
Ela – Não. Como deves calcular, não estou ali com o tipo a pensar se é a pessoa certa para mim ou não. De resto, o que é a pessoa certa?
Ele – Quando tiver 90 anos respondo-te. Se estiver alguém comigo nessa altura é porque foi essa a pessoa certa.
Ela – Gostava de conseguir ser pragmática como tu. Mas ultimamente tenho pensado no que quero numa pessoa e apercebi-me que as minhas premissas mudaram um pouco nos últimos anos. É normal não é?
Ele – E o que é que queres?
Ela – Alguém de quem me possa orgulhar. Que seja sobretudo meu amigo. Com quem partilhe a vida. Alguém que seja o melhor para mim e não aquela pessoa em quem tropeçei a determinada altura da vida. Que goste de mim pelo que sou, que puxe por mim, me estimule, me faça ser ainda mais e melhor. Que aceite as minhas loucuras, as minhas inseguranças, mas que não se deixe inferiorizar quando estou em alta e me apetece brilhar. Que me deixe fazê-lo brilhar. Alguém que não precisa de gostar da mesma música, ou dos mesmos filmes, mas que terá, obrigatoriamente, de partilhar pelo meus gosto pelas viagens, pela forma como gosto de as fazer, e por conhecer pessoas novas, meter conversa com elas, enriquecer-se pessoalmente através de encontros assim. Uma pessoa para quem o sexo seja um work in progress... Um campo a explorar sempre, dentro do limite dos nossos desejos. No fundo, terá que ser alguém que comprenda que uma relação implica trabalho e que não admito que me tomem como garantida. Sou como um carro de gama alta. Tenho uma manutenção cara mas sou pá vida...
Ele – Que bonita frase! Sabes que a probabilidade de encontrares tudo isso numa só pessoa é quase nula, não sabes?
Ela – Sei... Faz aí mais outra que esta não bateu...
Ele – Já te curaste do Rapaz?
Ela – E tu? Já te curaste da Rapariga?
Ele – Está quase...e tu?
Ela – Está quase também...
Ele – Não queres falar nesse assunto? Ainda dói?
Ela – Não, já não dói. Mas depois da dor fica uma espécie de terreno não arável que impede o nascimento de qualquer forma de sentir...Qué será, será.
Ele – Eu agora gosto de estar sozinho.
Ela – Então estamos em sintonia.
Ele – Mas já dei por mim a dar quecas com tipas só para ver se me apetece ficar com alguma delas mais do que o estritamente necessário.
Ela – Eu quando dou quecas com tipos nem penso nisso.
Ele – Como assim? Mas nem te passa pela cabeça?
Ela – Não. Como deves calcular, não estou ali com o tipo a pensar se é a pessoa certa para mim ou não. De resto, o que é a pessoa certa?
Ele – Quando tiver 90 anos respondo-te. Se estiver alguém comigo nessa altura é porque foi essa a pessoa certa.
Ela – Gostava de conseguir ser pragmática como tu. Mas ultimamente tenho pensado no que quero numa pessoa e apercebi-me que as minhas premissas mudaram um pouco nos últimos anos. É normal não é?
Ele – E o que é que queres?
Ela – Alguém de quem me possa orgulhar. Que seja sobretudo meu amigo. Com quem partilhe a vida. Alguém que seja o melhor para mim e não aquela pessoa em quem tropeçei a determinada altura da vida. Que goste de mim pelo que sou, que puxe por mim, me estimule, me faça ser ainda mais e melhor. Que aceite as minhas loucuras, as minhas inseguranças, mas que não se deixe inferiorizar quando estou em alta e me apetece brilhar. Que me deixe fazê-lo brilhar. Alguém que não precisa de gostar da mesma música, ou dos mesmos filmes, mas que terá, obrigatoriamente, de partilhar pelo meus gosto pelas viagens, pela forma como gosto de as fazer, e por conhecer pessoas novas, meter conversa com elas, enriquecer-se pessoalmente através de encontros assim. Uma pessoa para quem o sexo seja um work in progress... Um campo a explorar sempre, dentro do limite dos nossos desejos. No fundo, terá que ser alguém que comprenda que uma relação implica trabalho e que não admito que me tomem como garantida. Sou como um carro de gama alta. Tenho uma manutenção cara mas sou pá vida...
Ele – Que bonita frase! Sabes que a probabilidade de encontrares tudo isso numa só pessoa é quase nula, não sabes?
Ela – Sei... Faz aí mais outra que esta não bateu...