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Out04
Oye Tío, que cojones hombre!
sissi
O vernáculo não é por acaso e o castelhano muito menos. Fui ontem ver a mais nova obra prima do mestre Almodôvar (que muitos confundiram com a prima do mestre de obras...), e, mais uma, vez saí estarrecida do cinema.
O Mestre é o realizador mais surpreendente desta nouvelle vague do cinema-realidade. E isto porque quando acho que ele já não podia fazer melhor, eis que surge com novo filme, mais fantástico que o anterior, ainda que com o mesmo registo e universo.
Depois de Tudo Sobre Mí Madre, pensei que dificilmente conseguiria fazer um outro que o igualasse. Foi um filme de uma beleza rara. Com Hable Con Ella, repetiu a dose, e foi ainda mais longe no pormenor da realização. Com La Mála Educación foi para lá daquilo que eu, já sugestionada pela espiral ascendente, alguma vez pensei.
Só um esteta como o Mestre, só alguém de muito bom gosto como ele consegue pegar em temáticas tão fortes (morte de um filho, violação, homossexualidade, pedofilia, you name it) envolvê-las em papel kitsch e mostrá-las em papel seda. A este novo filme, trouxe um input técnico que potencia os pormenores, muitas vezes sórdidos, de uma história que de ficção tem muito pouco. A luz, e a falta dela, que garantem o dramatismo das cenas e a montagem sem mácula, são as áreas mais trabalhadas relativamente aos filmes anteriores.
Falar neste filme é não poder deixar de referir o incontornável Gaél Garcia Bernal, mexicano, lindo e irrepreensível num personagem muito bem construído. Ele e Jean-Paul Gaultier são as novidades do séquito de Almodôvar.
Enfim. Vão ver. Só até amanhã. No Cine 222. A sala cheira a caril e chamuças mas vale a pena.