Sissi na FHM - Fora de Jogo
Se é certo que cada caso é um caso e cada grelame possui características que as distinguem das demais, há um conjunto de traços que podemos, facilmente e com uma margem de erro mínima, atribuir ao belo sexo. Uma delas prende-se com o desporto-rei e com o nosso olhar crítico, que se demora mais nas pernas dos jogadores e menos, muito menos, nas habilidades que elas conseguem fazer.
Claro que esta Princesa que vos escreve é a excepção, já que percebe tanto das artes futebolísticas como é mestre em esgalhar conselhos que aqui vos deixa. Sei, como poucas, as novas regras do fora de jogo, identifico-o, não raras vezes, primeiro que os fiscais de linha, e discuto a jornada domingueira comme il faut: falando alto, coçando os tomates e cuspindo para o lado.
Porém, e porque debaixo desta pele de carroceira da chincha está uma princesa que é mulher à séria, também eu me detenho, com relativa, ou mesmo muita, facilidade, numas pernas e glúteos que palmilham os verdes campos em 90 minutos. Aliás, acho mesmo que nós, grelame do bom, nutrimos um fascínio especial pelos jogadores de futebol, esses gladiadores dos tempos modernos cujo suor deixado no campo nos faz ousar pensar no suor que poderão deixar no colchão depois de uma boa montada. Ou na força dos seus espermatozóides, que podem dar bebés tão bonitos. Enfim, toda uma plêiade de temas que estes atletas nos suscitam mas que de futebol jogado tem muito pouco. Ou mesmo nada.
Mas examinemos o caso concreto. Cristiano Ronando é há muito um jogador de grande nível, cuja qualidade ninguém discute. Porém, só passou a ser inter-galáctico no momento em decidiu, benza-o Zeus, despir a camisola para festejar um golo e dar à estampa um corpo esculpido a teques por um artista muito meticuloso. Até aí, era um excelente jogador de futebol, admirado por milhões de homens. Depois desse momento seminal, passou a ser um Deus grego e o futebol ganhou mais umas quantos baldes de adeptas. Ou melhor, os jogadores ganharam adeptas. Porque, na realidade, continuamos sem saber as regras do fora de jogo ou quantas equipas portuguesas existem na Champions League. E porquê? Porque isso, regra geral, é ofuscado pelo vislumbre de uns quantos homens muito bem apessoados, atléticos, cujos movimentos nos levam ao que a biologia e a natureza masculina tem de mais animal e puro: a testosterona, que faz o grelame bater as pestanas com vigor e provocar furacões no Havai. Ou seja, o nosso jogo é outro e não carece de árbitro. Somos só nós, na nossa cabeça, a fantasiar com a visão do balneário da selecção italiana, ou a que cheiram os abraços que se dão nos festejos dos golos. E isso, caríssimos, é uma coisinha que só nós sabemos e vamos continuar a apreciar. Pelo menos enquanto os Cristianos Ronaldos da vida continuarem a fazer o favor de nos provar que há corpos que valem a pena ser mostrados. Até no futebol.