Single dad
Não consigo evitar. Pais solteiros são-me tesão. Não todos, evidentemente. São sobretudo aqueles que gostam mesmo, que preferem estar com os filhos a estar com uma mulher, que contam as gracinhas deles, sabendo que não têm graça nenhuma, e assumem a sua paixão pela paternidade como a força de quem festeja um golo da sua equipa. Não só me dão tesão como reforçam a minha fé na nova ordem familiar.
Na realidade, em caso de igualdade, pendo para o macho que já traga brinde. Um filho é útil nestas coisas da interacção social. Apazigua a necessidade de procriar, permite um treino na nobre arte de educar, ensina a paciência e dá folgas por inerência de divisão de custódia. É perfeito, portanto.
Confesso que sou sensível aos clichés dos «pais que carregam filhos» nos jardins, livrarias, festas, jantares e demais ajuntamentos pejados de famílias nucleares comuns. Suponho que isto seja uma cena de gaja profundamente impregnada de contornos biológicos. Um gajo que seja um perfeito caretaker do filho de outra poderá ser também perfeito com um filho meu (caso os quisesse). No limite, poderá tomar conta da criança que tenho dentro de mim, que terá para sempre 5 anos. Mais que cena de gaja é cena de fêmea que protege a cria.
E depois há aquela coisa da inversão de papéis que, em quase todas as áreas, me toca com alguma profundidade. Vejo beleza num homem que amamenta artificialmente, que troca fraldas, que faz as papinhas e esteriliza aquelas coisas que necessitam de esterilização, sejam elas quais forem... Que tem conversas sobre quantidades de comida e centímetros de crescimento. Acho que é fófinho. Agrada-me e dá-me tesão. Dá-me vontade de fazer mamadas entre uma mamada e outra. É bonito.
Maneiras que se houver para aí pais solteiros ou sem gaja, mas com boa relação com as mães oficiais, jeitosos, lavadinhos e queridinhos, favor mandar foto. A realeza agradece.