Há toda uma festa hoje, no Teatro da Comuna, paradigma do revival musical dos oitentas e não só. É todo um mar de gente que aflui à Praça de Espanha, gente, garanto-vos de grande craveira intelectual e física (embora eu isso seja pessoa para não reparar...) . Maneiras que é todo um ir e toda uma repetição da palavra «toda», em ambos os géneros, que já enjoa mas que me diverte.
São todos uns cumprimentos de toda uma Princesa em todo um êxtase
Sissi passeia-se pela noite lisboeta e estaciona num conhecido bar. Ao ser confrontada com uma necessidade premente de urinar, dirigie-se ao local próprio onde se depara com uma fila enorme, normal para quem bebe como quem armazena para uma guerra civil.
Macho de qualidade- Olá
Sissi - Olá
MQ- Então?
S- Então tudo bem?
MQ - Por aqui?
S - Diz que sim.
(silêncio)
Rodeada de amigos, e como me demorasse, há um deles que grita, por entre a multidão: «Sissi, estás bem?», ao que respondo, afirmativamente. O Macho, acto contínuo, arregala os olhos e faz um sorriso onde mostra uns dentes alvos e simétricos.
MQ - Desculpa, tu és a Sissi do Cenas de Gaja?
S- Errrr....não...
MQ - És sim, imagino-te igual ao que leio no blog. Tu és a Sissi! Todos os dias vou ao blog e já li o livro duas vezes. Sempre soube que um dia te ia encontrar assim.
S - Errr (corada)...obrigada...
MQ - Posso pedir-te um autógrafo?
S- Sim...
MQ - E o número de telefone?
S- Não abuses.
MQ - Engraçado...és tal e qual como eu te imaginava.
S - Pois...olha, obrigadíssima pela gentileza, mas agora tenho de ir. Obrigada.
Eu avisei que era cagão. Caguei.
PS. amanhã, dia 1 de Maio, 11 horas, SIC Radical, programa Boa Noite Alvim, rubrica Mundo Sissi.
Das festas da escola às festas da garagem, das festinhas na cabeça aos festões no mamazal, muitas são as ocasiões de festejo. No entanto, há uma casta celebrativa que poucos se atrevem a explorar: as orgias. Porque não podem? Porque não sabem onde nem quando? Problema resolvido. Sissi explica ao detalhe como organizar o vosso próprio ayuntamento sexual, com machame e grelame à descrição, um verdadeiro rodízio de carnes boas para contentamento de corpo e espírito.
Esta semana as Historinhas de Encantar tem a autoria de yours truly e pode ser lida na íntegra na nova edição da Bíblia, ou seja, da FHM. Para além das boas do costume é feita pelos gajos bons da redação. Pronto, e da direcção também.
PS. gostaram da publicidade enganosa do título? Ehe ehe. Isto é o que nós em psicologia chamamos de freudian slip...
Não sou boa a encenar a fragilidade feminina. Sou demasiado lúcida perante as minhas fraquezas e as dos outros. Nestes tempos de quietude interior, sinto-me como um Fórmula 1 que ainda não encontrou piloto à altura. E sorrio. E penso que os 25 de Abril não se fazem só por fora. Fazem-se, sobretudo, por dentro. Ao 1º de Maio já o lastro alargou. Os nossos dias deixam de ficar penhorados pela revolução e a abulia torna-se, inesperadamente, pugnaz. Porque, até ver, a vida ainda é a melhor coisa do mundo.
Vivemos tempos estranhos. Nunca como agora o paradigma das relações express foi tão nítido e instalado nas vidas e anseios de grelame e machame. Consumimo-nos uns aos outros, envoltos em relacionamentos apaixonados, como quem compra uma bifana à porta de um estádio de futebol: temos fome, sabe bem, mas na realidade não sabemos a proveniência daquela carne.
As urgências das carências modernas determinam que obnubilemos a importância do tempo. Todas as ligações necessitam de ser mastigadas, maturadas, com prazer mas, sobretudo, com muita calma. De outra forma, como saberemos que o outro é o certo para nós? Com que frequência, perante uma paixão, paramos para pensar em quem realmente é a outra pessoa? Obviamente que não defendo a racionalidade a todo o custo, mas haverá alguma outra forma de conhecimento do parceiro, de desenvolver de amizade, de sustentação de sentimentos, quando nos abalançamos fortemente para algo e alguém que, concretamente, desconhecemos?
O estado de paixão inebria e cega. É a melhor coisa do mundo mas pode, com a mesma força, ser a pior, se não nos dermos tempo de conhecimento. De estarmos confortáveis em silêncio, de sermos mútua e boa companhia, de percebermos que o caminhar se faz sem medos, caminhando. Sem isso, podemos encontrar a pessoa certa e descobrir o tempo errado. Domage.
Mesmo que tenha estado um dia de sol brutal, que o calor me deixasse moída, que as duas horas de sono e uma pikena ressaca me travassem o pensamento, que me apetecesse estar em S. Barth a apanhar sombra junto ao mar, mesmo com isto tudo e muito mais, não há nada que mais aconchegue o ego e a auto-estima que ter uma equipa de filmagens a tratar-me como uma verdadeira princesa. Ele foi água fresquinha, chapéu por causa do sol, retoques de maquilhagem que o calor derretia, o séquito da princesa que batia palmas e pedia bis, enfim, esta tarde teve direito a tudo. E agora cá estou no palácio, quentinha e satisfeitinha por dentro, prontinha para o petit four de hoje. Ele há vidas boas.
Há blogs neste circo que é a blogosfera que são verdadeiros paradigmas do quão fascinante é espreitarmos pelo buraco da fechadura. A descrição, uberpormenorizada, do dia a dia dos bloguistas faz-me sentir uma espécie de olho vivo, um big brother com consentimento do outro que me deixa vidrada no desinteresse de algumas vidas. Assim sendo, e em homenagem a eles (blogs), aqui deixo o meu contributo:
Acordei e fui urinar, já que obrar não consegui. Como não fazia o number two, escusei-me a levar a Adbusters de tão célere ser a tarefa. Voltei para a cama e dormi 24 minutos, altura em que um súbdito atento me fez notar que o sol brilhava lá fora. Levantei-me, meti-me no chuveiro e lavei-me com gel duche Occitane de Lavanda. Não lavei o cabelo sedoso e brilhante porque a praia suja-o e não valia a pena. Meti-me no carro. Levei mais de uma hora a chegar à Comporta - impressionante como os acidentes causam ainda mais voyeurismo que os blogs que descrevem minuciosamente a vida das pessoas. Assim que lá cheguei estendi-me ao sol e besuntei-me com protector 50. Uma pele leitosa merece cuidados. Li o Amigos e Amantes, da Agustina, enquanto o meu amigo ressonava impavidamente. Almocei um peixe grelhado. Dieta oblige. Voltei a Lisboa a tempo de uma aula de hidroginástica. A praia estava ficar cheia e detesto o cheiro a povo. Conheci um gajo no ginásio que me deu um cartão. Advogado. Talvez lhe ligue. Estou de volta a casa. Por esta altura já emborquei dois litros de água. Tomei banho e desta vez lavei o cabelo. Preparo-me para sair para jantar. Não tenho nada para vestir. Vou de saltos ou de sabrinas? Decotada não. Perdi o gosto aos decotes e o gajo não merece tanto. A seguir, copos com os amigos do costume (blhéq, expressão foleira). Amanhã, trabalho. Gravações para o programa novo. Vamos ver o que me reserva a semana.
É giro isto, não é? Impressionante como se gastam sei lá quantos caracteres sobre um dia inteiro sem dizermos nada do que realmente somos. Agora que penso nisto, talvez adopte o estilo. Ou não.
Há um tempo para agir e outro para reagir. Alturas para pensar e outras para actuar. Momentos de reflexão contrapondo os de acção. Os que o Palácio vive hoje são os mais pragmáticos. Sissi prepara-se para conquistar o mundo.
Ah pois é muy Estimados, Sissi conquista a televisão num estrelato que se adivinha candente mas não cadente. Dia 1 de Maio, essa jornada tão bonita que é a do trabalhador, estreia na SIC Radical esse grande talkshow, esse paladino da modernidade audiovisual, de seu nome BOA NOITE ALVIM. Ora, como o próprio nome indica, é apresentado pelo grande Fernando Alvim (Nando, para os muito cá de casa), num poutpourri (um galicismo fica sempre bem) de conversa com um convidado e rubricas várias de outros tantos artistas nacionais, como João Quadros e Nuno Costa Santos, dentre um leque variado de grandes talentos
Mas o que é verdadeiramente importante é que esta Princesa terá o seu lugar, o de camarote, obviamente, neste pequeno grande tesouro da televisão portuguesa. «Mundo Sissi» tratará de tudo e de nada, de vocês e de mim, de nós aqui dentro e dos outros lá fora, com a mesma dedicação e souplesse com que vos recebo aqui na Corte. Ah, e também se vai falar de sexo.
Maneiras que se estavam à procura de um motivo para aderir à TV Cabo, não procurem mais. É este. E que motivo! Se ainda assim forem teimosinhos sugiro que arranjem uns autocarros e se juntem todos em ecrã gigante, porque é coisa para se fazer história. Melhor que isto só o Guterres a fazer contas ao PIB.
Querem melhor notícia para começar o fim de semana? Não estão em absoluto êxtase? Já à procura de Lexotans para acalmar a excitação? Vá, todos em contagem decrescente! Contem comigo, dia 20, dia 21, dia 22, dia 23...
Ah, e as novidades não acabam aqui. Afinal de contas, vão dar-se novos mundos ao mundo...
E a questão é tão simplesmente a seguinte, se por um lado os orgasmos múltiplos (muito na moda por força do entourage cultural e referências várias – filmes, séries de humor, revistas, etc.) se tenham tornado numa das quimeras de algumas mulheres, casos há de rejeição a qualquer tipo de contacto físico, nos momentos imediatamente a seguir ao primeiro orgasmo, que inviabilizam precisamente alcançar tal desiderato, e como consequência maior e menos agradável, implicarem um finish a solo, tipo 5 para 1.
Daí a dúvida, será a hipersensibilidade pós-orgasmo, vulgo rejeição ao contacto, real ou fui enganado por alguma não-alinhada na matéria?
Beijos.
Súbdito Devidamente Identificado
Estimado Súbdito,
As ferramentas que servem para nos alimentar o espírito (filmes, livros e toda essa panóplia), são também aquelas que, muitas vezes, mais macacos nos colocam no sotão. Tudo depende do que queremos ver e dos apriorismos com que o fazemos. A questão do pós-orgasmo e do orgamo múltiplo é paradigmática nesse sentido. Arrisco-me a dizer que há de tudo e a dividir a questão em 3 categorias: as que não necessitam de pausa depois do orgasmos, essas sortudas que podem continuar a bombar, assim aguente o machame; as que necessitam, já que após a primeira descarga eléctrica, precisam de voltar a carregar a bateria, nem que seja por 5 minutos para que a energia volte ao início - nestes momentos de pausa não são aconselhados toques no clítoris já que há como que uma espécie de inchaço, uma zona de conflito que precisa de pousio até se tornar de novo terra arável - e as de orgasmo múltiplo. Desconheço a existência de uma mulher que encaixe nesta última categoria, porém, desconfio que existam. Serão uma espécie de Tágides, ninfas inspiradoras da actividade sexual feminina, ao mesmo tempo que resvalam para o mito urbano. Não conheço nenhuma nem conheço ninguém que conheça. O que não quer dizer que não existam.
Portanto meu Estimado Súbdito, não posso afirmar categoricamente que não tenha sido enganado. Como sabe, o grelame é como o Senhor, tem desígnios insondáveis. Ainda assim, a justificação dada é plausível, passível de ser verdadeira, portanto o meu caro, à luz desta pikena luz, analise a sua história com essa sua senhora e retire as suas conclusões.
Disclaimer: Este consultório não é profissional, como imaginam. Aqui não se resolvem problemas, conversam-se. O que terá apenas a importância que cada um de nós lhe der. As questões serão respondidas por ordem de chegada, todas as quintas-feiras. Missivas para aqui: sissiresponde@yahoo.com