entendo e não entendo porque choras. Percebo que a solidão te mate, pouco a pouco, a capacidade de aspirar a qualquer coisa que nos aqueça devagarinho. Percebo que ela te faça achar que, na realidade, não és nem nunca vais ser feliz, porque, desgraçada, a brisa da serotonina não olha na tua direcção. Percebo que aches que escolhes mal, que, aliás, somos infalíveis e temos obrigação de ver para além dos sorrisos dos outros e das suas palavras bonitas. Entendo que já não sorrias porque te falta a muleta (sim minha querida, aquilo não era mais que uma muleta...) que te fazia sentir mais próxima de todos os outros que carregam não os seus maridos, namorados e companheiros mas as suas muletas, que os impedia, como a ti, de cair no buraco da solidão acompanhada.
O que não compreendo minha querida, é como te deixas ir nessa falácia. Não entendo como consegues olhar para as tuas crias e falar em desamor. Como não consegues olhar à volta e perceber que se o destino ainda não te solucionou as carências refervidas, não é porque sejas menos importante ou digna de amor que os outros. É porque para além dos tiros no pé que todos insistimos em dar, encontrar em quem tropeçar e ficar é uma demanda que exige atenção, respeito por si mesma, optimismo. Em suma, exige que estejamos de bem com a vida. E isso minha querida, a espaços, falhou-te.
Mas como acredito em ti, mais que tu mesma, sei que esse luto termina em breve. Como sempre, estou por aqui.
Existem muitas diferenças entre homens e mulheres no que diz respeito às relações?
Existem pequenas, mas importantes, diferenças. Por exemplo, a importância dada ao sexo. É verdade que os homens querem mais sexo do que as mulheres. Um homem quer ter sexo duas a três vezes por semana, a mulher fica feliz com uma. Mas quando entrevistamos os casais apercebemo-nos de que os homens não precisam apenas disso. Eles até podem não ter relações sexuais tantas vezes, querem apenas sentir que a mulher os deseja. As mulheres dizem o mesmo. Mesmo nos casais que têm uma vida sexual boa e estão bem no seu relacionamento, o homem continua a querer mais sexo, mas esses casais encontram outras formas de lidar com a situação. Por exemplo, recorrem à masturbação ou têm relações mais rápidas, as rapidinhas.
Entrevista feita pela revista Sábado (desta semana) a John Gottman, psicólogo americano e diz que uma autoridade em casamentos.
Minha querida sissi Desde já os meus parabéns pelo seu excelente Blog, simplesmente espectacular! Mas venho aqui pedir a sua excenlentissima ajuda. Há alguns anos atrás, como quase todas as mulheres tive uma grande paixão por alguém, trabalhava na mesma empresa que eu, o nosso relacionamento era puro sexo (nada mais), apesar de ser a minha grande paixão, notava que da parte dele havia simplesmente um carinho e uma enorme atracção por mim, neste momento sou casada com um homem de quem gosto muito, tenho 1 filho, mas o que é certo é que esse homem continua a trabalhar na mesma empresa que eu e confesso ainda desperta algo em mim (não fosse ele a minha grande paixão), já fomos almoçar várias vezes, já lhe dei pra trás muitas outras, talvez por me ter feito o mesmo no passado ou talvez não, não sei! Tenho alturas que desejo loucamente estar com ele, tenho outras que não (acho que já não me conheço), tenho receio, como deve calcular, o nosso corpo muda, fiquei um pouco mais forte e sinceramente na altura de combinarmos algo mais quente :-), fico completamente apavorada, nao sei porquê, talvez um pouco de vergonha do meu corpo ou não! O que é certo é que nunca consigo, gostava que me desse a sua opnião, visto ser uma mulher com alguma experiência neste campo e não só claro, de vida também e que me ajudasse um pouco a resolver este pequeno problema.
Obrigado
Um grande Beijinho
Súbdita Devidamente Identificada
Estimada Súbdita,
Parece-me que está um pouco confusa em relação ao que quer desse homem e o que pretende fazer com o que diz sentir por ele. Fiquei sem saber se não avançou por não se sentir bem com o seu corpo se por respeito ao compromisso que mantém com o seu marido. Em qualquer dos casos, e fazendo o melhor para sacudir as alegações morais para debaixo do tapete (que é onde devem sempre estar), parece-me que terá que pesar na balança esses sentimentos contraditórios e perceber o que é mais importante para si. Se manter a sua relação a salvo das paixões antigas, se dar azo à pulsão forte que parece continuar a uni-la a esse homem.
De todo o modo, parece-me claro que esse homem quer de si o que durante muito tempos vos juntou: sexo. Se acha que consegue lidar com as especificidades de um triângulo amoroso/sexual, não deixe a sua percepção de si mesma impedir que assim seja. Se chegar à conclusão que essa paixão não merece ser glorificada, guarde as memórias e as vontades num recanto mais escondido e sublime-as o suficiente para que elas não incomodem.
Um dos grandes problemas das mulheres (dos homens também, mas em menor número) é não perceberem que tudo na vida é um exercício de auto-disciplina. Tudo depende da nossa vontade de colocar o que nos magoa e não interessa para trás das costas. Dizer não é mais fácil do que se pensa. É MESMO só querer. Muitas vezes deixamo-nos arrastar em torrentes autofágicas, de desrespeito por nós mesmas, porque insistimos em perpetuar situações há muito terminadas, finalizadas aos olhos de todos menos aos nossos. Porque enquanto vivermos esse desespero sempre vivemos alguma coisa. Felizmente há momentos é que o nada, o zero, o buraco negro, é bem mais saudável que as flores fajutas de uma ligação inexistente.
Disclaimer: Este consultório não é profissional, como imaginam. Aqui não se resolvem problemas, conversam-se. O que terá apenas a importância que cada um de nós lhe der. As questões serão respondidas por ordem de chegada, todas as quintas-feiras.
Para quem acha que o sexo tem que ser feio, insidioso e nojento, aqui vai esta pérolazinha, este bijouzinho, destinado a horas e horas de prazer em grande estilo. Como se quer, em tudo.
Às vezes por aqui também se fala a sério. Hoje é um desses dias.
Que me desculpem os súbditos, mas este post vai directa, mas não exclusivamente, para as súbditas.
Está já disponível a vacina contra o Cancro do Cólo do Útero, também conhecido como HPV ou Vírus do Papiloma Humano. Como sabem, é uma DST (Doença Sexualmente Transmissível), prevenível através de observações ginecológicas regulares e, obviamente, através do uso do preservativo. Custa 160 euros, não comparticipados, cada uma das tomas, num total de três. O focus grup, o público alvo desta vacina são mulheres entre os 20 e os 30 anos, grosso modo, mas julgo que mal não fará a outras faixas etárias.
Para mais informação, consultem o vosso ginecologista. O HPV é, segundo sei, a segunda causa de morte entre as mulheres, a seguir ao Cancro da Mama.
Julgo haver qualquer coisa no Novo Testamento que sugere que não nos vendamos por um prato de lentilhas. Sissi reescreve a história, muda a temática e vai mais longe: quando estiverem prestes a encontrar-se com um amante, evitem esta leguminosa...
Soubesse eu o que sei hoje, e sexta feira passada não teria sido das noites mais embraçantes da vida desta princesa que vos fala. Depois de repasto de lentilhas em casa de amigos queridos, também eles de sangue azul, preparava o palato para o festim que é o meu novo amante, todo ele iguarias e especiarias raras. Meto-me no bólide real, e ala até ao castelo do meu objecto de (muito) desejo. Ora, estavamos nós no minuete em pontas, quando sinto as minhas entranhas a revolverem, qual magma em início de actividade. Relevei. Afinal de contas, a tusa, por vezes, faz-nos sentir coisas das quais até nós mesmos duvidamos. Como se não parasse a valsa intestinal, pedi licença, uma Perrier e informei-o que o melhor seria ligar a TV que aquilo era demanda para demorar. E demorou. Uma hora. Fiquei literalmente, virada do avesso...
E isto o que é que origina? Muita coisa. Para começar, o fim da tesão, por si só, uma tragédia, a má disposição mental, que advém do facto, a física, graças às lentilhas, e a vergonha maior de termos renovado a pintura do WC com um tom esverdeado, muito demodé.
Estimados, os nossos amantes não querem saber se somos bonitos por dentro. Borrifam-se para o nosso interior a não ser que ele venha na forma de fluídos. Maneiras que a partir deste fim de semana, a cada novo encontro, debicarei apenas um refeição ligeira, como uma petit salade de queijo feta e uma brochetta de humous, não vá a biologia armar-se em espertinha de novo.
E agora vou só ali comer uma torradinha que parece que ainda sinto aqui uma má disposição...
Antes de mais, os meus sinceros agradecimentos por finalmente colocar à disposição dos seus súbditos um espaço de partilha e troca (real ou quiçá! virtual ;)) de experiências. No que me diz respeito, tenho uma vida sexual satisfatória. Mais, mas detalhes só debaixo dos lençois. Ou por cima. E quem diz lençois diz bancada da cozinha. Sofá. Lavatório. Banheira. Varanda. Jardim. Capô. Adiante...
O que me traz cá hoje (a pergunta, portanto, já que todos os dias visito o real aposento. O blog, o que é que estavam a pensar???) é uma dúvida que me assola há já algum tempo. Serei só eu a peidar da cona? Não que ache estranho, até porque sei a causa - o ar que entra no entra e sai durante o acto. E não que aconteça sempre, porque depende de como fodemos - no meu caso não é sempre que ele realmente TIRA e METE o meu instrumento de prazer, muitas das vezes é um vai-e-vem onde o pénis não sai. Acho que me fiz entender... E também não que sinta vergonha, antes brincamos com isso. Como em tudo, também no sexo o humor é imprescindível. Mas é curiosidade minha! Sou só eu ou a Princesa também peida da cona???
Beijos e vénias muitas,
Súbdita Devidamente Identificada
Estimada,
Questão pertinente a sua. O peido de cona (PDC) é um fenómeno que tem tanto de engraçado como terá de incómodo. E para que não restem dúvidas, a realeza também peida da cona, especialmente na canzana, a minha posição de eleição. Como disse, e bem, o entra e sai do marsápio e da correspondente massa de ar, gera barulhos que poderiam ser de prazer, não fosse a sua homofonia ser tão semelhante a melodias de outros orifícios.
Mas novamente concordo consigo. O humor é imprescindível em tudo e entre um PDC e outro, há que continuar alegremente. Até porque, para além de ser sinal que se fode, é sinal que há entrar e sair, e não apenas entrar e sossegar...bem sei, estimadas súbditas, que reconhecem este ponto como válido...
De resto, com PDC ou sem ele, divirtam-se. O sexo é isso mesmo. É prazer e divertimento em doses iguais. Conhecimento e aprendizagem prazenteira em semelhante modo. As questões sérias, as vergonhas, os embaraços, deixemo-las fora dos lençóis. Enjoy!
Disclaimer: Este consultório não é profissional, como imaginam. Aqui não se resolvem problemas, conversam-se. O que terá apenas a importância que cada um de nós lhe der. As questões serão respondidas por ordem de chegada, todas as quintas-feiras.
É verdade. O meu «révélhão» foi passado em terras outrora inimigas, hoje em dia bastante prazerosas para mim porque adoro machame com salero. Pois que me fui até Sevilla, comer tapas e levar tapinhas, o que, como toda a gente sabe, não dói.
Mas dos tapinhas falarei mais adiante. Falo hoje das sevilhanas, não as danças, mas as gajas. Não sei se já repararam, mas as espanholas são umas pândegas do melhor. Arreiam-se como se todos os dias fossem dia de ópera, andam de nariz empinado e cabeça levantada, faça chuva ou faça sol.
Uma vez em Sevilha, decidi aproveitar as maravilhas da cidade, para lá do Rioja e das Tapas, e vai de descobrir um bar para beber umas «copas». E foi aqui que encontrei assunto para vos escrever. Depois de pedir ao balcão, sentei-me a apreciar o espectáculo de duas mulheres que dançavam, sevilhanas, ao som de uma guitarrada que chorava acompanhando um timbre típicamente andaluz. Até aqui tudo bem. Porém, se pensam que as ditas senhoras encaixavam no estereotipo da mulher sensual, esqueçam. Eram gordas, bem gordas, mas não deixaram de se levantar e animar aquela roda de música com meneios sensuais num pas-de-deux sevilhano que me encantou.
Pensei, quase acto-contínuo, se o quadro que via se repetiria por cá. Se duas mulheres, cujas medidas não cabem no metro social, se levantariam e dançariam juntas, perante o olhar alheio, como se mais mundo não existisse para além da voz arrastada daquele tablao improvisado.
Julgo que não. Por cá ainda gostamos muito de rotular os gordos e as gordas. Gostamos que eles sejam escape para as nossas próprias gorduras mentais. Como se a gordura e os pneus fossem um impedimento e não uma morfologia.
Para além do Ano Novo, Janeiro é o mês das resoluções e das intenções. À meia noite, comemos passas e bebemos champagne, com a certeza, ou a esperança, que a nossa vida mudará pela nossa própria mão. Os planos tomam honras de importância divina, esvaziando-se à medida que chegamos ao Carnaval.
De repente, passamos de simples mortais a seres sem mácula sem nos darmos conta da pouca exequibilidade das coisas com as quais nos comprometemos. São os 7 kilos que queremos perder, a responsabilidade que queremos ganhar, os amigos que queremos rever e os outros que queremos deixar. Os chefes que nos incomodam, o coração que ecoa de vazio e a cabeça que pede alguém que nos aqueça os pés à noite. Tudo isto colocamos nas costas do Ano Novo, sem pensarmos que é nas nossas, e às nossas expensas que elas pendem, mesmo à espera de uma frustração por incumprimento.
Obviamente que também fiz as minhas resoluções. Deixei de fazer resoluções.