Há coisas que por muito científicas e provadas que sejam eu nunca acreditarei nelas. Eu nasci em Paris e vim de cegonha. Isto porque os pais são como os anjos, não têm sexo. Nem real nem de género. São pais e a coisa acaba aí.
É verdade que este tipo de pensamento enferma na infantilidade com que é produzido mas não consigo imaginar os meus pais a ter sexo. Aliás, nem consigo dizer ou escrever a palavra «foder» alocada a este caso. Mas pais são pais e os pais, como se sabe, não fazem o Inominável.
Julgo que muitos de nós já passamos pela situação, no mínimo traumatizante e constrangedora, de ouvir um gemido ou arfar mais contudente no silêncio de uma noite que parecia calma. A mim aconteceu-me. Uma vez. E chegou. Lembro-me também de ter estado três dias sem olhar para a cara deles e do vómito ser precedido da imagem, funesta, dos pais a praticar o Inominável.
Foi, mais ou menos, a partir dessa altura que passei a adormecer de walkman nos ouvidos, não fosse o desejo morar nas bandas do quarto ao lado e os meus pais desatarem a «inominalizar» como se não houvesse amanhã. Pensar que os pais são pessoas que têm erecções e orgasmos está para lá do que a minha mente real permite.
Há pessoas que se especializam em coisas várias. Em bordado inglês, bilros, arraiolos, conforme a sua predisposição e o sentido do vento. Eu burilei a minha existência no campo machame em torno de uma silhueta própria. Sou uma expert em casos. Aliás, é oficial: sou o melhor caso de Lisboa.
Enquanto não sou invadida por sentimentos nobres em relações eivadas, dedico-me com inominável dedicação, desde há muito, a estilizar a melhor forma de contacto com os machos com os quais me cruzo. Como sabemos, machos interessantes e disponíveis para se relacionar com princesas como eu não os há em quantidade. Vai daí como tal, resta-me equilibrar quejandos de relações em malabarismos sociais e afectivos, aos quais se convencionou denominar de «casos».
Os casos não são complicados. Pela sua natureza, ter um caso é o mesmo que conduzir um carro alugado. Damos as voltas que quisermos com aquele modelo com a certeza que o vamos entregar à loja no final da corrida, tenha ela a duração que tiver. Esta assumpção permite-nos veleidades várias. Desde logo, autoriza a existência de outros casos, no caso de serem gulosos como eu, numa imitação de intimidade que, eventualmente, se poderá procurar. Ter um caso é tão melhor quanto mais honesto. Impõe que se diga ao que vamos da mesma forma que convém ter em mente que, por vezes, a coisa nos pode sair furada. Ou seja, quando achamos que uma queca, é apenas uma queca, apenas uma queca, apenas uma queca, o caso, que começa inocente, pode degenerar e fazer com que nos sintamos a mulher cor-de-rosa no filme azul. Fora de contexto e fora de si.
O caso é a relação logisticamente perfeita. Porque não vivemos o lado angustiante do amor, o caso permite-nos exercitar o corpo e a mente sem comprometer o coração. Paliativo da relação amorosa, o caso é a das melhores coisas que as relações humanas me trouxeram. Impregnado de um pessimismo optimista, ter um caso é, antes de tudo, um acto inteligente de manutenção de nós mesmo enquanto seres humanos, porque nos permite continuar a sentir fora do socialmente composto.
Por tudo isto, e por mais que não cabe aqui, sou o melhor caso de Lisboa. É engraçado que quanto mais o tempo passa mais nos especializamos naquilo que queremos deixar. Vidas...
1- o meu livro pode ser comprado nos sítios do costume, aka, Fnac, livrarias que tais e hipermercados (ou não fosse eu a princesa do povo...) ou então através do site da minha editora, www.primebooks.pt, com 10% de desconto e envio para as vossas mansões a custo zero.
2 - eu não vou estar fisicamente no Herman Sic. Quem vai fazer o favor de estar presente são dois amigos meus, conhecidos do grande público, que tiveram a grande generosidade de se dar ao trabalho de promover o livro por mim. O anonimato mantém-se, portanto. Mas um dia destes haverá festa no Palácio. Farei um ajuntamento assim que estiver mais organizada. E aí, é entrar minha gente, é entrar!!!!
3 - o blog vai manter-se activo,como é óbvio. E já a partir de hoje.
1 - muito, muito obrigada a todos os que estiveram presentes no lancamento do livro, do fundo do coracao, por terem retirado tempo das suas vidas para partilharem este momento da minha;
2 - mil desculpas pela demora de novo post mas sem net em casa e a lufa lufa emocional e real do lancamento de um livro ultrapassou em muito aquilo que esperava dispender em termos de tempo. Prometido fica, e sem falha, novo post para quinta.
3 - o mundo anda ao contrario e nos a ver. Quarta feira estarei no programa Prova Oral, com Fernando Alvim, das 19 as 20h e no domingo no Herman Sic. Anda tudo doido, de facto...
4 - este teclado nao tem acentos.
5 - Muito obrigada. Nunca serao demais os agradecimentos
Que homens e mulheres têm diferenças inconciliáveis já todos sabemos. Mas uma das maiores e mais estruturais é muito simples: os Homens têm mais um olho. O que lhes permite estar alerta ao menor sinal de pernas e mamas. Se a Natureza foi madrasta para com as mulheres em algumas questões puramente biológicas, Zeus foi cabrão em não nos ter dotado desta lupa social.
A tentação é como o Sol, quando nasce é para todos. Mas por razões que desconheço, e no que respeita aos machos, é mais como o Natal, que, como sabemos, é quando o homem quiser. E dizem-me os meus anos de apuramento e estudo da raça machame, que o homem quer muitas vezes e, de preferência, em variedade.
E são várias as razões que podem levar os machos a desrespeitar a sua gaja e o compromisso que tem com ela. Porém, a razão que mais me agrada é a mais simples de todas. Adeptos do less is more, gajo que é gajo, homem com tomates é, obviamente, o que trai a sua gaja porque não consegue resistir. Tudo é mais forte que ele e, pasme-se, tudo joga contra a vontade, claramente férrea do macho, em se contentar com uma só parceira. A culpa, no fundo, é toda nossa. Por um lado porque já perdemos a piada da novidade como parceiras, por outro, porque somos o Demo vestido de volúpia, prontas a roubar o trilho aos incautos rapazes. Tadinhos, fraquinhos…
Na realidade, admiro os homens que não querem compromissos e assumem o seu celibato e amor às mulheres, num plural muito literal. Gostam delas aos montes, como quem compra em quantidade e por atacado. No fundo, a multiplicidade não permite a tentação. Fodem sem alma mas são incapazes de se fixar numa parceira só. Têm défices de atenção enormes mas pelo menos não mentem.
Já os outros, os D. Juans de vão de escada, respeitáveis maridos e namorados, os que dizem não resistir, como se alguma coisa lhes fosse imposta, os que procuram constantemente uma desculpa para a traição e fazem da visão 20:20 desse terceiro olho um benefício em si e para si, esses são os mesmos que chamam puta à secretária da empresa por dormir com o patrão.
Pois é como eu disse no início… a Natureza por vezes é madrasta para com as mulheres…neste caso é a natureza dos homens…