isto está que não se aguenta. Agora percebo os meus amigos que vivem, tal como eu, fora da sua pátria, que me mandavam foder (e eu ia...) quando lhes ligava a a vociferar «Então pá, não respondes aos mails caralho?!». Agora que finalmente arranjei um emprego decente percebo tudo. O cansaço, o significado da expressão «não tenho tempo», a taxa de suicídio, a taxa de alcoolismo, o número de casais que só tem sexo ao fim de semana, enfim, posso dizer, justamente, que atingi a maioridade expatriada. Sou uma mulher empregada, tal como a Rainha-Mãe sempre ambicionou. Isto tudo para dizer que os posts têm sido menos e que estas duas semanas vou fazer de um tudo para continuar a postar, embora vocês, tal como eu, vão andar distraídos com o Mundial, mesmo os que não gostam da chincha que, ao menos, sempre têm desculpa para ir para a esplanada ver as pitas histéricas com as mamas aos saltos a gritar por Portugal quando nem sequer sabem distinguir um off side de um penalty. Ainda por cima, aqui estão uns loucos 27 graus, o que equivale aos vossos 35 tudo para mais, o que significa que eu já ando de havaianas e saínha leve. E depois o calor...sabem como é... Para rematar, deixo-vos com o pensamento da semana, impregnado da costumeira profundidade a que já vos habituei:
Há coisas que são ditas, ideias veiculadas que são, não só, de uma tremenda injustica, como de uma estupidez e ignorância inomináveis. Associar Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) com comportamento sexual, fazendo a primeira depender exclusivamente da segunda, prova à saciedade que todas as campanhas de prevenção e infomação do mundo não batem o autismo e estupidez humanas.
Tenho como certo, por razões que extrapolam este post, que pessoas sexualmente activas, que frequentam um circuito sexual público ou privado, em casal ou individualmente, com o mesmo parceiro ou com vários, são as mais precavidas quanto às DST. São também as mais cuidadosas, testadas regularmente, e, logo, as mais fiáveis. A mesma razão que os leva a ter prazer, leva-os a tomar precauções. Ou seja, o que é bom não tem que acabar depressa, assim se cumpra o absolutamente necessário: o uso do preservativo.
Já privei com pessoas que participam activamente em orgias, swingers que gostam de variar e outras «combinações» e todos eles entendem que para que o sexo seja vivido com o máximo de prazer e segurança, não poderá pairar a nuvem das DST. Até aqui, estamos esclarecidos.
O que, verdadeiramente, me exaspera é que se tente atribuir a responsabilidade da propagação da doença apenas aos chamados grupos de risco e aos malandros, aos biltres, pécoras, bandalhos dos fodilhões que andam aí, com uns e com outros no deboche geral!!!
Nestas alturas ocorre-me sempre a imagem do cenário dantesco das casas de passe, os bordéis modernos mas com menos condições e glamour, onde os senhores se predispõe a pagar mais uns dobrões por uma noite de sexo desprotegido. Ocorre-me ainda, que esses senhores, no dédalo de relações legítimas e ilegítimas que criam, se predisponham sempre ao mesmo, e que no caso de terem contraído uma DST infectem toda a sua pipeline, incluíndo a incauta esposa, que aguarda em casa o marido, o qual, de tempos a tempos, a faz sentir mulher novamente encenando uma relação sexual. Sem preservativo...
Todos temos um passado. E todos também já fizémos sexo sem preservativo. A quem não o queira usar, mando-o foder. Com outra que não eu. E quando um dia me encontrar numa relação, espero que o meu parceiro seja testado, como eu o farei, e espero, sobretudo, que se decidir foder outra pessoa que não eu, que use preservativo. Antes a dor de corno que a morte...
Ontem saí com macho novo. Macho actor, macho francês, comediante, na minha faixa etária, e giro, giro que se farta. Decidida que estava a não trocar fluídos com ele na primeira noite, deixei-me ir na conversa até roçar o limite do aborrecido. Chegada aí, e quase como que por osmose, o assunto que, tal como a Pasta Medicinal Couto, está na boca de toda a gente, foi jogado para cima da mesa pelo machame em questão, qual Full House numa roda de jogadores. Obviamente a coisa animou. E palavra puxa palavra, o macho abre o livro e conta-me a história de uma amiga que lhe confidencia ter feito um threesome. Conta ele que ia morrendo quando soube. E eu ia morrendo a seguir com a reacção...
«Mais non, tu compreends pas sissi, c'est la perversion ça! Il n'ya pas de limites! On vit dans un monde oú toute est possible! Les gens se respecte pas!»
E eu pensei: «Tanta beleza junta tinha de ter um catch...» Que rasteira... E ocorreu-me: qual é a relevância do CV Sexual de uma mulher?
É imensa. Mas, para variar, julgo que me encontro do outro lado do espelho. Porque penso que em quase tudo na vida, a experiência e conhecimento quase sempre levam ao fundo das questões, e esta temática não é excepção. Se uma mulher viver uma sexualidade saudável com uma líbido apurada, parece-me natural que as suas experiências sejam em maior número e diversidade que uma outra que viva com fantasmas e recalcamentos e tristezas que tais. E assim acontecendo, é mais provável, embora não líquido, que a primeira seja mais diligente no acto que a segunda. Ora, posto isto, porque é que ainda há tipos que se preocupam com o número de homens com que a parceira dormiu? Porque lhes há-de incomodar a razão daquele broche perfeito ou a disponibilidade da mulher para o sexo anal?
Eu percebo o receio da comparação. Bem vistas as coisas, quanto mais parceiros mais barómetros, e há homens para os quais tudo se resume ao tamanho da piça, e muitos ainda há por aí que preferem o conforto de uma queca menos satisfatória ao desafio e, porque nao, ao receio, que uma mulher madura provoca na cama.
A mim se me derem a escolher (yeah, right, a escolher....) entre um homem rodado e um menos experiente, respondo, acto contínuo, que prefiro aquele que me puder dar mais prazer. E com isto não falo apenas da capacidade física e técnica ou de endurance. Mas é certo que, não sendo totalmente desprovidos de massa cinzenta, e como em tudo o resto, fode-se melhor quanto mais se fode, embora desconheça os limites superiores da coisa...
Saber ouvir e conhecer o corpo da mulher e do homem é qualquer coisa que vem com o empirismo do acto. E assim sendo, porque raio é tão difícil aceitá-lo?