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cenas de gaja

18
Mar05

Que grande Thay, Thay que o menino levava...

sissi
A Primavera está mesmo aí e com ela o bom tempo. A par da estação, chegam os tecidos mais leves, mais justos, mais curtos, enfim...uma dor de cabeça para qualquer gaja que, como eu, maldiga o trinómio «prazer da mesa/horror ao desporto/camadas adiposas».
Ora posto isto, decidi que estava na altura de mudar. Cansei a minha beleza a chorar-me porque sou gorda e decidi meter mãos à obra. Após breve pesquisa sobre as mui nobres artes desportivas, decidi-me por uma que, segundo o jargão popular/desportivo, é tiro e queda: muai thay ou boxe tailandês.
Calma amigas da SIC (uma grande bem haja!), que parece pior do que é. Na realidade, o boxe tailandês é uma modalidade secular que consiste em dar murraças num saco de areia enquanto o nosso corpo salta e pula, logo, gasta calorias. No fundo, vale tudo menos pontapés na cabeça. Isto em competição. Quanto a mim, o meu único é objectivo é poder ir ao banho e mergulhar sem que um tsunami se forme.
Graças a um amigo atento, foi-me dado o contacto de um ginásio em Lisboa onde por 12 biscas (entenda-se contos...) podia ter livre acesso ao Gym e um PT (Personal Trainer) e ainda a miragem de uma formusura pouco balzaquiana. Em chegando para formalizar a inscrição, deparei-me com o dito PT...ora bem...como é que vos hei-de explicar caras amigas da SIC...complicou tudo...
Porque se não, reparem. Uma mulher no ginásio não é um espectáculo agradável. Pelo menos uma mulher como eu que detesta ginásios. Vou para lá como se fosse para a forca sem direito ao meu último Haagen-Daasz de Cookies and Cream. Contra-natura que é, movimento-me no ginásio como peixe fora de água. Até que este PT, este Adónis reencarnado, esta estátua de David, decidiu que ia fazer de mim um monumento! Gostei! Achei que era uma tarefa tão impossível quanto inglória. Mas como em tudo, fui de cabeça.
Estava tudo a correr bem até que me deparo com um cenário felliniano: frente a um espelho, eu e a estátua a dar murros no ar, pontapés no ar, movimentos de braços e pernas infinitos. Tudo no ar. E pensei: «amiguinha, assim não vais lá...»
Estava num impasse. Por um lado, as minhas hormonas estavam que não se podiam aguentar. Por outro, o meu sentido do ridículo não me permitia fazer os exercícios como deveriam ser feitos, por pura timidez e vergonha...
Ainda não sei muito bem no que isto vai dar, mas para já, um quilinho já foi à vida e continuo a alambazar que nem uma condenada. Quanto ao PT...aguardem por cenas dos próximos capítulos.
E experimentem uma aula de Muai Thay. É gira!
PS - beijinhos às amigas da SIC!
11
Mar05

TPM # 10

sissi
Há sempre um dia em que acordamos, olhamos para trás e não gostamos do que vemos. É um olhar necessário mas duro. E doloroso também. Porque é a assunção de boicotes e tiros no pé que nos viram a vida do avesso e nos fazem recomeçar a duras penas.
O arrependimento é das piores sensações do mundo. Tem um gosto de derrota, de quem foi vencido pelos seus próprios demónios. Não sei se é com a maturidade que conseguimos utilizar esses demónios em nosso proveito, mas gostava de ter esse tipo de inteligência. Porque, no fundo, é a inteligência perante nós mesmos, o grau de auto-conhecimento, que nos pode travar perante o arrependimento. É não permitir que os nossos desejos se sobreponham à exequibilidade dos mesmos, só porque no momento fazem sentido, e saber conter a frustração como parte osmótica da vida. A reflexão exige-se sempre, mesmo quando a emoções são mais fortes.
Dito assim parece fácil. Então, porque caralho, é tão difícil vivê-lo?
02
Mar05

...

sissi

javier bardem

Há filmes que nos dão que pensar. Mar Adentro é um deles. Mais do que discutir comigo mesma a questão da Eutanásia, dei por mim a pensar nas letargias e mesmo paralesias que nos obrigamos e nos obrigam sem as termos pedido. Mortes assistidas com um espectador previligiado, que somos nós mesmos, num cadafalso dourado e adornado por habitos de vida e comodismos vários. Foi a vontade de morrer deste Ramón que me acordou para a vontade que tenho que outras coisas morram em mim.
A pouco e pouco lá iremos. Tal como Ramón Sanpedro, de resto...

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