Ora vem este título do Paul Auster a propósito de uma magnífica festa à qual tive o privilégio de assistir ontem, na Estufa Fria. A Levi´s mostrava ao mundo a sua nova campanha publicitária, inspirada em Romeu e Julieta, em que colocava um gang de LA e um parzinho amoroso a comunicarem em inglês arcaico algumas das passagens do clássico.
A envolvência do local ajudou ao ambiente onírico que se pretendeu criar. A determinados passos, deparavamo-nos com uma declaração de amor que um Romeu fazia a uma Julieta, para, mais à frente, sermos nós contemplados com palavras igualmente mágicas, numa mise-en-scéne rara, senão única, em certames do género.
Ao atravessarmos a«floresta» damos de caras com um grupo de pessoas bonitas com a qual podemos interagir segundo as regras dadas no início.
A todos os convidados tinha sido dado um crachá com um par famoso da história. O nosso nome estava escrito em letras grandes e charmosas, precedido do nome da respectiva metade que teríamos que encontrar no meio dos convivas. A minha cabecinha pervesa começou logo a pensar na infinidade de situações que este embalo poderia gerar, mas, domage, enganei-me.
A mailling list da festa era perfeita. Bonitos e, soit-disent, talentosos, embora não lhes tivesse vislumbrado nenhum talento especial para se darem ao conhecimento. Estive a noite inteira a indagar-me porque razão as pessoas se dão ao trabalho de sair de casa. Ainda por cima havia a desculpa perfeita para se entabularem conversas. Eu, por exemplo, era a Lucy. Procurei o meu Charlie Brown a noite toda e quando finalmente o encontrei verifiquei que ele também tinha vontade de ser a Lucy...
Saiu-me um cartoon mas é melhor que nada...
Ainda achei o Rick para a Jane, minha amiga, mas o rapaz não foi muito efusivo. A maioria dos convidados tinha colocado os respectivos crachás identificadores do seu pretenso objecto de desejo, bastaria olhar e conversar, perguntar, mandar um chiste, sei lá...
Nada, ou quase nada.
Valham-nos os poucos que entendem que é para isso que cá andamos.