Sissi Responde - Heartbreaking
Olá. Estou a passar uma fase complicada na minha vida, um desgosto amoroso de uma relação de 2 anos e meio. Será que me podes dar umas dicas de como ultrapassar isso? Sou obrigado a conviver diariamente com a outra...
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Súbdito Devidamente Identificado
Estimado Súbdito,
tenho boas e más notícias. As más, primeiro: não há nada que eu lhe possa dizer que o meu caro não saiba também. Não há remédios caseiros, poções encantadas e seredipismos que nos tornem, subitamente, cientes que, apesar de o nosso amor ter ficado para trás, continuamos vivos. Na verdade, só nós é que achamos que não sobrevivemos a uma relação fracassada. Se reparar bem, o dia continua a ser dia, a noite continua a ser noite e a natureza do amor romântico não vai deixar de implicar a perda só porque nos fartamos de sofrer.
Gostaria muito de ter uma lista, bem concatenada, de tarefas e instruções que fizessem desaparecer e sensação de termos ficado sem uma perna ou um braço. Gostaria de a ter pra si, pra mim, e para toda a gente que tem coragem de se ligar a outro sabendo que o pode perder. Mas, acredite ou não, apesar de eu mesma estar no rescaldo de um coração partido, se essa lista existisse, os meus olhos não passariam por ela. Porque não há maior oportunidade de nos tornarmos na pessoa que queremos ser que o espaço por preencher de alguém que já não está. Parece-me que não há nada que possa fazer para mudar o que aconteceu. Está feito e para sempre inscrito na sua história pessoal.
O que pode fazer, e estas são as boas notícias, é decidir como viver essa falta. Isso, sim, depende de si e vai colmatar a falta de controlo que só sente quem já se deixou ser guiado por um sentimento forte que, de repente, desaparece. E eis o que eu sei, o que aprendi: por muito difícil que seja, por muito que achemos que nunca vamos encontrar ninguém igual, que a pessoa que se foi concentrava nela todas as qualidades do mundo, isso não é verdade. O desgosto amoroso, em parte como o amor, é, na sua essência mentiroso. Faz-nos acreditar que morrermos a cada golfada de ar sem nos deixar perceber que é o ar que, precisamente, nos faz viver.
O que é que pode fazer? Continuar a andar. Um dia, quando menos esperar, a coisa passa. Oh, se passa.
Palavra.
PS. ofereço-lhe esta. Das minhas favoritas. Enjoy!