O coração no pipi
Independentemente do recorte com que nascemos, a verdade é que muitos de nós se tornam arquitectos de si mesmos e decidem enganar a Mãe Natureza com pressupostos diferentes. Ou seja, decidimos inventar a roda biológica e fisiológica e ligar e desligar circuitos e caminhos. Tudo isto para vos dizer que, da mesma forma que há quem viva com o intestino grosso ligado ao cérebro, há mulheres que nasceram com o coração no pipi.
E somos muitas. Se isto me parece natural quando as dores de crescimento nos atingem em dias de maior e menor fluxo emocional, a verdade é que, depois das devidas lambadas na tromba que a vida e o Universo graciosamente nos dão, ter o pipi em forma de coração não é mais que um sinal que está altura de parar, baralhar e dar de novo.
Nestes tempos em que ainda sentimos no ar o cheiro a soutiens queimados e nos incham as pernas dos líquidos retidos pela pílula, é importante perceber se o que podemos fazer é o que queremos fazer, se a facilidade do sexo nos convém e se aguentamos saber como nos deitamos e desconhecemos como nos levantamos.
O importante não é não foder. O importante é percebermos o que queremos quando fodemos. É saber se aguentamos o embate de uma foda desencontrada com as nossas expectativas mas completamente sintónica com as hormonas e a programação biológica com que nascemos e nos define como género.
Fodemos? Ou fodemo-nos?