Cozinho para o Povo
Há pessoas que vêm programas de culinária pelo prazer de cozinhar, pelo processo de aprendizagem da arte ou, simplesmente, porque não têm mais nada que fazer. Eu vejo programas de culinária porque eles são o epítome daquilo que eu nunca serei: uma cozinheira, uma dona de casa e alguém cujo gosto pelo fabrico nunca suplantará o gosto pela prova.
Mas isso era antes de aparecerem os programas da Nigella Lawson na SIC Mulher e tal advento escavacar por completo os meus horários e imaginário nocturnos. Não sei se já atentaram na forma bestialmente pornográfica como ela cozinha, e, sobretudo, a voracidade e gula com que come. Isto, embrulhado num peitinho de rola, mesmo a pedir a nossa cabeça naquele regaço, em conjunto com, aposto, umas ancas de parideira valentes, daquelas que hoje já não se usa. E é uma pena.
Não consigo tirar os olhos da figura pulpeuse da Nigella. Quero lá saber o que ela coloca nos pratos. Por mim, podia fazer Poias à Bulhão Pato que eu acharia sempre que seriam iguarias do outro mundo. Fico hipnotizada com a destreza no manuseamento de utensílios dos quais nunca ouvi falar e como consegue dizer «lemon zest» e quase fazer-me vir. Claro que, o pináculo destas noites gastrosexuais dá-se quando a pequena Nigella, depois de preparar a paparoca, vai vestir o seu roupão de cetim e fica estirada no sofá, obviamente a provocar-me e a seduzir-me, claro, ela que sabe que nutro este carinho grande por todas a suas formas e curvas sinuosas.
A fímbria do orgasmo chega com a boca de Nigella em toda uma colher de pau. Bolas. A pessoa não é de ferro. Que festim nu, seria esta pequena...