Mentertainment
Quanto mais velha estou, mais gosto de homens. Não apenas no prazer que me dão, mas na curiosidade que me provocam. Dizer que os homens são simples e básicos e tão simples e básico quanto a mensagem que encerra. Todos os que conheci até hoje, mesmo os revoltantemente idiotas, são de um requinte de qualquer coisa que não encontro nas mulheres. Talvez por se deixarem dominar menos pelas emoções, ou porque possuem, regra geral, um ego de tal modo grande que compete com a capacidade de viverem harmoniosamente. De todas as castas machas que conheço, há um que ocupa as minhas cogitações actuais, não apenas pelas valências que demonstra, mas por se encaixar, na perfeição, no tempo dos tempos que vivemos.
Falo do «mentertainer», figura que dá origem ao «mentertainment», que é a actividade criada pelo macho que nasceu para, lá está, entreter mulheres. E reparem como o vocábulo é, também ele, inóspito. Entreter. Parece bom, não é? Provavelmente até é. Excepto quando nos calha um mentertainer numa rifa bacoca quando achamos que estamos a comprar um bilhete da lotaria dos Reis. Por partes.
Um mentertainer não é um filho da puta. Mas não deixa de ser. Não é um badboy, mas não deixa de ser. Não prejudica, mas não deixa de o fazer. Não engana, mente, trapaceia, mas não deixa de providenciar esse gosto nas bocas que beija e fode. É uma espécie de diamante, mas sem o brilho próprio das pedras preciosas. Porque, no fundo, está lá tudo. Tem predicados físicos e intelectuais para agradar às massas e o timming perfeito para saber quando sair de cena, deixando corações ao alto. Tem ainda a capacidade de renomear conceitos, dar-lhes novos significados à luz da qualidade de mamas e cus que estão no alvo. Mentir não é mais que omitir. Ter saudades torna-se na mais lata das palavras. E assim anda ele. Engalanado por natureza e engalanando, pela mesmíssima razão.
Se pensarmos bem, todas temos um mentertainer na nossa vida. Eu tenho o meu. O meu melhor amigo, o mais próximo que alguma vez tive de um amor perfeito e também a pessoa mais imatura que já se cruzou no meu caminho interno.
Papi,
love you.