Sleep(less)
Todas as noites, ao cair redonda no dossel real, ainda tenho tempo para pensar num detalhe que me deixa de fora de grande parte do mundo grelame: eu adoro dormir sozinha. Adoro. Mesmo. Adoro sentir o fresco da cama no Verão e o frio do Inverno. Gosto de abrir os olhos em direcção aos livros por ler e revistas por abrir. O lado esquerdo da cama pertence-lhes. Sempre que saco macho que pernoita, o sono dos justos transforma-se no sono dos incomodados. Porque apesar de partilhar o corpo, a cama e os olhos fechados encerram uma vulnerabilidade maior, que demoro a deglutir.
No dia em que um macho de estirpe me encontrar, vou ter problemas em explicar-lhe que a casa, como a cama, são espaços únicos, que serão habitados apenas por mim, para que possamos viver unicamente o que compete a dois amantes e companheiros de vida: o prazer, latu sensu. Para que quero eu partilhar o mau humor matinal, as contas, enxaquecas e unhas encravadas? Não senhores. Do meu amante quero a amizade e o amor. A logística pessoal guardo para mim e espero o mesmo de volta. Assim, quando o TPM me acertar em cheio e ele não estiver para me aturar, escuso de andar a fazer-me de forte quando me cruzar com ele entre o hall e a casa de banho.
A sério. Há merdas que me escuso de saber. Demasiada proximidade mata o interesse. Quando a coisa se torna demasiado familiar, lutamos por quê? Apre!