Sissi Responde - Eu tenho dois amores
(...)Pois bem, mantive uma relação longa (demasiado!) com um homem, uma relação baseada no sexo, na liberdade, no divertimento e prazer. Era o tipo de homem que eu ligava e dez minutos depois já o tinha ao meu lado. No meu disto tudo, quando cresceu o amor, a gente tentou-se afastar. Acabado este relacionamento/sexo muito, encontrei um homem mais velho uns anitos que eu, com uma pujança sexual de se louvar, mas (e aí é que está o problema) é um louco por mim, demasiado até. Sabe o sonho de homem perfeito que qualquer mulher tem? É ele. O que atura as compras, os dias em que a mulher se sente feia, gorda, e até mesmo quando se está com o TPM ele aguenta. Enfim, uma jóia, e incluindo o sexo que era do melhor. Por vontade dele, começou um semi-namoro que de repente virou namoro sério, e que eu ainda estou para aqui metida e não sei como, e as duas tentativas de final de namoro resultaram muito mal. O pior é q voltei a ter uns telefonemas do meu tão aclamado homem das horas vagas ou para além das horas de expediente, e as saudades de pular a cerca são imensas. Para piorar tudo, o homem perfeito, já como diz o nome, é perfeito demais para arranjar defeitos não me dando motivos para um fim de namoro.
Mas diga-me cara Sissi, eu que sou uma adepta da liberdade, das boas quecas quando e com quem me apetece, como me desfaço disto? Em plena faculdade e repleta de gajos tão apelativos e em plena idade de divertimento e com as mesmas necessidades que eu, o que posso fazer para alterar isto?
Ora aí está uma problemática com a qual me debato amiúde: faço por ter parceiro certo perdendo a certeza de vários parceiros ou continuo de crina ao vento, aproveitando tudo o que a vida tem de melhor? Depois de muito tempo e aturado estudo, só posso concluir que o caminhar se faz caminhando, ou seja, não vale a pena intelectualizar o que só se aprende vivendo. Por partes.
Há coisas na sua missiva que me escapam. Ora se tinha uma relação baseada no sexo, no divertimento e na liberdade, e da qual, mais tarde nasceu o amor, afastaram-se porquê? O amor não era em stereo? Fiquei sem entender… Depois encontra macho adulto e pujante, mas diz que é demasiado louco por si. Também não entendo. No meu léxico a palavra «demasiado» nunca se aplica quando a restante frase é «louco por mim». Please, não caia nessa falácia de que os homens não podem estar demasiado babados. Eles não só podem, como devem. O que eles não devem é perder-se no meio de nós, deixar que o que sentem os ofusque como seres pensantes. Isso é que não convém. Mas é deixá-los gostar, em doses cavalares. Está nessa relação não sabe bem como e quer acabar mas não consegue. E porquê? Porque essa pessoa a atura em tudo, fode bem, vai às compras e, pasme-se, não tem defeitos.
Ou seja, você é uma grande sortuda! Os dois homens pelos quais pende são de uma casta rara, diria mesmo, do outro mundo. Mas mesmo assim são príncipes que carregam um sapato que não é o seu número. Pergunta-me o que pode fazer para alterar isso? Antes de mais, talvez pudesse perceber, REALMENTE, o que é que gosta num e noutro e, de seguida, aferir se quer o que eles lhe oferecem. Porque, de facto, liberdade todos queremos. Quem não quer ter um significante em casa e vários significados fora? Eu, como lhe disse, partilho do mesmo enunciado. Procuro uma alma caridosa que perceba que o Palácio só tem um lugar cativo, o meu, e que todos os outros são bilhetes de época. Estão enquanto estiverem bem. Se é para estar mal, dramalhões de segunda e birras de quarta classe, andor que a minha cútis não aguenta.
Quanto a si, parece-me que há por aí razões encapotadas que a fazem vacilar perante o (aparentemente) seguro e a mandar-se de cabeça para o (aparentemente) inseguro. Não tenho uma resposta concreta para lhe dar. A não ser uma La Palissada das antigas: ninguém é perfeito. Nem o primeiro macho que teve o topete de deixar crescer sentimentos impuros como o amor… Em suma, se não gosta do seu namorado, deixe-o. Deve-o a si mesma e ele. Se decidir voltar on and off com o macho mais novo, faça-o sem o preconceito do afecto. Faça o que fizer, respeite-se. E ENJOY!
Disclaimer: Este consultório não é profissional, como imaginam. Aqui não se resolvem problemas, conversam-se. O que terá apenas a importância que cada um de nós lhe der. As questões serão respondidas por ordem de chegada. Missivas para aqui: princesa-sissi@sapo.pt