(silêncio)
Falar ou não falar, eis a questão.
Quando gostamos de alguém, mas não o suficiente para ser visita de casa, quando simpatizamos com a figura porém não a escolhemos para presença em ocasiões importantes, quando, na realidade, gostamos do seu corpo e da forma como ele se equilibra entre os lençóis e a casa de banho mas não permitimos que ele passe a porta da sala de estar, que fazer? Informamos, à partida, que há divisões da nossa estante emocional que estão vedadas aos grandes e intrincados clássicos, ou assumimos que sempre gostámos de Thomas Mann, mentindo com a cabeça e dizendo a verdade com as papilas gustativas?
Exercícios de estilo à parte, dizemos ao tipo que «gostamos, mas...» ou proferimos um «mas, gostamos...», quando na realidade o queremos foder e não gostaríamos que ele se fosse embora só porque tudo o que nos apetece fazer no momento não se inscreve no mais nobre dos sentimentos?
Há dias assim. Só coisas que chateiam e aborrecem...