Sweet Sixteen
Talvez porque tenha convivido mais nas últimas semanas que na minha vida toda com miúdos e miúdas sub-20, e quando me aproximo vertiginosamente dos 33, dou por mim a pensar nos sweet sixteen, nos tempos em que me era permitido ser arrogante e egocêntrica sem que o peso da moralidade e da vida adulta e, pior, do papel da mulher, visse pesar nas minhas leves idiossincrasias. Lembro-me da inocência dos beijos, da vertigem do toque e da miragem do Sexo. Lembro-me ainda da pele imaculada, sem riscos nem marcas das marcas dos outros, e recuo aos tempos em que o meu corpo não conhecia a força da gravidade.
Olho para as mulheres de 16 anos (como as de 17 e 18 e...) e não lhes vejo o brilho que reconhecia em mim e nas minhas amigas. Preocupam-se muito estas mulherzinhas. Sempre de ar carregado, passeiam-se entre o ar dos outros com o peso das passadas de elefante. Nunca lhes consigo acertar na idade. O olhar vidrado mostra-me lustros que não equivalem à infantilidade das suas palavras. Para onde correrão estas mulherzinhas? Qual é a pressa?
Aos quase 33, já me permitos dizer-vos: poupem-se. Não engulam golfadas de vida quando ainda é suposto tomarem colheres de café. Mantenham a pele sem vincos, por dentro e por fora. Sejam bonitas. Aos 20 ainda não é suposto saberem a diferença entre o caviar russo e iraniano ou entre um primeiro e segundo violinos numa orquestra. Não se espera que saibam sentir a força da música do Piazzola nem a tesão que dá foder ao som da sua melodia. Também não faz sentido que vivam as mágoas dos amores ditos impossíveis e das feridas que as doenças dos outros vos provocarão.
Vivam descansadas e despreocupadamente os traços do vosso tempo. E não queiram ser adultas antes do tempo. É feio e não dá saúde.