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Abr07
TPM#21
sissi
Há poucas coisas na vida que podem, verdadeiramente, ser consideradas como luxo. Eu tenho grande parte delas e possuo meios para adquirir as restantes. Um dos prazeres que já são meus prende-se com a visão do Tejo que me brinda as manhãs e as noites. Da janela do leito real abro e fecho os olhos com a certeza de que o rio vai estar sempre lá. Independentente do seu vogar e da cadência da minha vida, o Tejo molha-me os pés a cada dia que passa. Refresca-me a mente e ensina-me que as coisas objectivas são as únicas que nos trazem realidades concretas. Relembra-me que o futuro é feito de presentes e que são esses que valem a pena ser cuidados. Programar, planear, querer ver para além da linha do horizonte do Tejo é querer ser maior que a vida e encerra uma arrogância que perdi com a idade. Tal como o rio, que sei correr sempre para o mar a cada vez que olho para ele, a vida não se compadece com grandes tristezas. Tal como diria Agostinho da Silva, «prefiro não fazer grandes planos para a vida e aguardar os planos que a vida tem para mim». Sem me paralizar, é isto que urge ser feito.