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cenas de gaja

24
Out05

Ó tempo volta para trás...

sissi
Há dias em que me sinto velha. Não porque as minhas olheiras estejam mais crónicas que nos outros dias, ou porque as minhas costas me doam mais do noutra manhã qualquer, mas, simplesmente, porque descobrimos que a paciência que temos para certas coisas se esvai e só damos por isso quando uma situação, outrora familiar, nos causa uma incomodidade estranha.
Entabular conversas com o sexo oposto na esperança que a noite corra bem, é uma delas. Tenho para mim, como convicção forte, que o nosso grau de interesse pelo sexo oposto é tão mais volátil quanto tesudo é o espécime em causa. Já dei por mim a pensar o melhor de perfeitos atrasados mentais apenas porque as feromonas me «obrigavam» a isso. Se tem pinta e toca a corneta no ponto certo, é do melhor. Se é feio ou menos interessante, embora saiba palavras com mais de três sílabas e, pasme-se, até junta duas ou três numa mesma frase, torna-se invisível mesmo que seja a única pessoa que esteja no nosso comprimento de onda. Não me orgulho especialmente deste meu lado, mas quando o desejo é uma coisa já mal contida, os critérios mudam, e não é pouco.
Mas como nada é taxativo na vida, existem as excepções, aquelas que me fazem pensar que estou velha e cansada e sem pachorra. De repente, dou por mim a ficar de narina entumescida por coisas que relevava, irritada com situações que nem dava conta e a levantar-me polidamente e sair com a leveza de um peso-pluma. A noite de sexta feira mostrou-me que há coisas que mudam. Umas para pior, outras para melhor e outras que ainda estou para saber.
A noite estava perfeita. Comporta, em casa de amigos, Marvin Gaye dava a toada, um bom Esporão no copo e uma erva de qualidade na mão. O grupo de convivas era perfeito. Nem demasiadas mulheres ou homens, nem demasiados solteiros ou casados, conhecia metade, a outra metade estava por conhecer. A campaínha toca e eu viro-me para ver quem chega. Fez-se luz. Espécime perfeito. As minhas hormonas latejavam e comecei a olhar em volta para criar uma manobra de diversão que me permitisse chegar à fala (e ao falo...) com a reencarnação de Adónis. Antes disso, as perguntas sacramentais:
- Mary, nome, idade, estado civil, profissão e preferências sexuais.
- Miguel, 34, solteiro sem namorada, arquitecto, straight.
- Obrigada querida. Posso atacar?
- Deves.
Estava montado o circo. Não demorou muito até que esta palhaça rica entabulasse conversa com o domador de leões. Grrrr.... Boas mãos e bons dentes (nestas coisas da caça tenho a tendência de olhar para os homens como para cavalos...), mas conversa de merda. Mas lá está, quando o sexo entra para o top 3 das cogitações diárias, as premissas variam, ui se variam.
Sei dizer que, à excepção do físico, o rapaz mandou todas ao lado e nem um tiro no porta-aviões. Ele conseguiu cometer a proeza de afundar todos os submarinos que são os meus requisitos e enervar-me profundamente. Desde uma manifesta incapacidade para comer à mesa a outras tantas que o impedem de cortejar uma rapariga com garbo, foi uma desgraça. E quando a coisa se estava quase a dar (sim, que eu sou tipo Pitt Bull, quando fecho a mandíbula...), dei meia volta, volvi e voltei para os braços do meu vibrador.
O tempo passa e há coisas que ficam lá atrás. Ainda bem.

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