depois de uma interregno forçado, o consultório Sissi Responde reabre as portas ao mundo. Estou aqui para vos responder às dúvidas que me colocarem, sobre os assuntos que entenderem. Como fazer um bom souflée de queijo, como cerzir uma saia de seda, como fazer o broche maravilha, como engatar o gajo perfeito, enfim, a tudo vos responderei com a sapiência que me for permitida, sabendo vocês, desde já, que ela não é muita. Faz-se o que se pode e a mais este reino não é obrigado. Todas as quartas-feiras, as respostas aqui no Palácio.
Perguntinhas, preservativos, cuecas comestíveis e presunto de Chaves para sissiresponde@yahoo.com
Tal como tudo na vida, o sexo também tem partes gagas. Momentos hilários mas confrangedores, cenas patéticas mas envoltas em comicidade, momentos de puro riso embrulhados em embaraço. E quando a intimidade não está presente no sexo, essas situações multiplicam-se e ganham corpo, agigantam-se e apimentam a vida de riso colorido.
As manhã de sexo são momentos complicados quando em processo inicial de conhecimento. Quer a coisa fique por ali ou desembarque em casamento para a vida, a primeira manhã depois da foda é uma coisa que constrange. E porquê? Porque todos nós somos pessoas, fisica e biológicamente falando, antes daquela queca. E por mais maravilhosa que ela seja, por muito que queiramos acordar fantásticos de corpo e mente, as birras matinais, o cigarro costumeiro, a boca que sabe a papel de jornal, a ida a casa de banho, o suor que incomoda quando nada o sustenta, enfim, os hábitos que a vida nos ajudou a recolher fazem destas manhãs uma confusão de vontades e pudor.
Convenhamos: quem é que quer acordar e beijar o parceiro com um hálito de bode? E quando vamos à casa de banho? Não é desconfortável o barulho da bexiga na sanita ou de um ou outro gás que nos sai? Tomamos duche? Lavamos os dentes? Ou vamos a correr para casa? Tarefas tão simples como vestir e calçar tomam proporções enormes, como se não tivéssemos feito um broche ou mandado uma valente foda há 5 horas atrás.
De facto, da mesma forma que sabemos que o cor de rosa e o vermelho não se conjugam no mesmo coordenado, procurar o sexo e enfrentar a intimidade são processos que fazem parte de outro rosário. Mas sobre isto falarei amanhã.
ora que o que é que ando a fazer? Aquilo que uma princesa em exílio faz. Visita as delegações dos outros países e tal como os reis magos, mas com tailleur Chanel, oferece o incenso e a mirra e outras iguarias que tais.
Pois cheguei na sexta-feira e vi-me obrigada a visitar a coutada. Como ainda nem fez um ano que estou por aqui, a minha corte espalha-se um pouco pela Europa, com um ou outro tentáculo pelo resto do mundo, mormente a Jamaica e os Estados Unidos. De maneiras que fui vê-los e depois estive muito tempoooo a cumprimentá-loooos.
Este fim de semana meti mais uma lança em Espanha. Não se preocupem os puristas da pátria e da nacionalidade. Sissi labuta (e como labuta!) para restaurar a identidade perdida e fá-lo de forma profunda e a deixar raízes. Pouco a pouco faremos com os infiéis o mesmo que eles fizeram com Olivença. Daqui a uns tempos é da nossa realeza que as páginas da Hola falarão, dos nossos rebentos e da nossa Casa.
De maneiras que foi isso que andei a fazer. Andei em missão de Estado, tudo em nome desse piqueno e glorioso país. Mas já estou a preparar um post com as baboseiras do costume e se não tiver que reunir de emergência com a delegação italiana - a mais completa, numerosa e que apresenta melhores argumentos - ainda cá volto hoje.
Bem sei que o grande e negro Big Bang nos informou que neste planeta redondinho, e no que respeita à espécie humana, vivem homens e mulheres. Mentira. Alguém diga ao Sagan que para além de homens e mulheres existem ainda os Betos, género híbrido que tende a reproduzir-se como o vírus Ébola pelas tribos africanas. Obviamente que este género está espalhado um pouco pelos quatro continentes e ilhas adjacentes, mas tenho para mim como axioma que Portugal é o quartel-general da betaria, por aqui se encontrarem tão puros exemplares.
Ser beto não é um estilo de vida, uma opção, uma corrente, qualquer coisa para a qual se muda depois de termos sido uma outra diferente. Nada disso. Ser beto é uma condição, e a ver pelo ar de enfado que muitos deles carregam na face, é quase uma fatalidade. Aliás, para se ser beto é preciso ter um ar carregado, sobretudo quando no meio da populaça, logo, fora do seu habitat natural.
Como outras espécies do reino animal, os betos reproduzem-se entre si. Não é que não tenham a capacidade de parir fora da casta destinada à nascença, mas uma vez dentro da betice, quem é que vai querer ser diferente? Apre! Ninguém, pois claro! Quem é que vai querer passar de Maria de Vasconcelos e Sousa para Maria de Vasconcelos e Sousa Pereira da Silva? Medo e asco! De maneiras que assegurada a linhagem, os betos vivem felizes e contentes na sua bolha, e lá andam eles, cantando e rindo.
Quanto à evolução da espécie estamos entendidos. O aspecto dos betos é outro ponto curioso. E curioso porque tal como as zebras têm as mesmas listas e os tigres as mesmas manchas, os betos possuem uma aparência exterior muitíssimo semelhante. Se na evolução da espécie humana houve um momento em que o homem descobriu o polegar retráctil e se notabilizaou por isso, os betos, homens e mulheres, são facilmente distinguíveis por dois elementos distintos: neles, o Sapato de Vela, nelas, uma coloração loira no cabelo, vulgarmente conhecida como madeixa. Ora, isto são caraterísticas que não encontramos em nenhuma outra espécie, sendo ainda particularidades que se encontram apenas no nosso país.
A linguagem beta é, também ela, digna de nota. Apesar de se (es)forçarem a um ar inteligente, os betos não devem grande coisa aos neurónios, logo, não burilam o dialecto próprio mantendo-o básico e primário. Os verbos vão pouco mais longe que os vulgares comer, beber, mandar, e os adjectivos, esses já um pouco mais elaborados, andam à volta do extraordinário, maravilhoso e magnífico. Expressões idiomáticas conhecem-lhes apenas uma: «Quem? Não sei, não o conheço sequer do eléctrico!» - ironia engraçada visto que nem sequer estão familiarizados com o conceito de transporte público. Finalmente, a palavra mais vezes proferida pela espécie beta é «possidónio» e todas as outras daí decorrentes.
Enfim, os betos são isto e muito, muito mais. Mas em quantidades muito, muito pequenas... São profundamente enfadonhos por estarem demasiadamente preocupados em ser interessantes. Têm um olhar baço e o sorriso pateta sempre estampado na cara, não vá alguem perceber que por detrás daquele mundo de purpurina e brilhantes está um casulo tão podre como qualquer outro.
Vivam os betos! Se não fossem eles, ria-me de quê...?
PS. post dedicado a todos os meus amigos betos, aos quais agradeço a convivência e possibilidade desta caricatura.
A minha relação com a poesia não é pacífica. Concluo agora que precisei de me apaziguar para a poder compreender. Guardar o passado é dos melhores serviços que nos podemos prestar. Deix0-vos um poema de Jorge Palma. Músico por definição, poeta por direito próprio. Dedicado a todos os que aqui vêm espalhar veneno e aos que se dão ao trabalho de me insultar via mail. Isto é o que tenho para vos oferecer.
Eu acho alguma piada aos mitos urbanos e frases feitas. Como faço parte da tribo do verbo ir, o meu chavão favorito é «se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha». E a minha mentira favorita tem duas palavrinhas apenas: orgasmo vaginal. De que forma estes dois conceitos se ligam? Simples. Sigam-me.
Desde tenra idade percebi que no complexo aparelho reprodutor feminino há um sininho que anuncia a missa. Chama-se clitóris e é um dos mistérios mais intrincados e difíceis de explicar. Os gajos não fazem ideia onde fica porque não nasceram com GPS e as gajas, danadas pela falta das placas indicadores no DNA masculino, ficam quedas e mudas e não abrem o bico. Como sabem, é da necessidade de uns e outros em explicar os próprios desencontros que nasceu o mito urbano do orgasmo vaginal. E das duas uma: ou sou eu que sou estranha ou anda meio mundo a enganar outro meio. Porque toda a gente sabe que se não houver o bailado da fricção do clitóris numa qualquer zona do homem, não há gemido nem passarinho verde. E não é que seja obrigatório, mas é, sem dúvida, muito melhor.
Ora eu, que sou uma Princesa prática e não gosto de deixar passar uma foda sem orgasmo, adoptei o método da Mão Amiga, ou seja, se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha. Se o gajo não me toca o sininho, recorro à mão amiga, que sempre fui boa em trabalhos manuais.
Há grelame que tem orgasmos para dar e vender. Outras, como eu, mais contidas, são um pouco como aquelas cartas que chegam ao destinatário sem recorrer ao correio. Vão por mão própria. Assim é a natureza da maioria dos orgasmos reais. Ai e que bons que são...
Existem vários atributos machos que me dão tesão. Como qualquer outra princesa, sou sensível à beleza, claro, especialmente quando faz pendant com uma inteligência aguçada. Gosto de umas boas mãos e dentes, uns olhos vivos são essenciais, e claro, uma piça jeitosa dá um colorido especial.
No entanto, nunca fui gaja de me deter na beleza comum. Sou das que vê estrelinhas em peidos malcheirosos, ou seja, já me enamorei por tipos declaradamemte feios que se tornam bonitos aos meus olhos, e apenas aos meus. Consigo identificar vários momentos seminais, verdadeiros rituais de passagem, nos quais o macho se metamorfoseia e passa de lagarta pouco interessante a borboleta rara.
Ora ontem, entretida que estava a limar unhas no palácio, lembrei-me do factor que mais me atrai no macho: a realização, concretização, a capacidade de conseguir coisas. Não há nada que me dê mais tesão que um macho focado. Não sei se por pensar que procuramos sempre a diferença nos outros, os tipos cerebrais e geniais foram sempre os que me levaram ao colo. Sou incapaz de ir mais além no encantamento se não sentir orgulho na pessoa com quem estou. E seja pelo que for. Daí sentir tesões históricas por gajos universalmente reconhecidos como feios, como são o caso do Ricky Gervais ou do Gary Lineker, olhados pela vida de forma diferente e geniais por modo próprio.
Tesões tenho muitas. Sou fácil. E dada. Mas nenhuma delas sobrevive ao crivo do primeiro mês sem que esta espécie de enamoramento esteja presente. Com um charme poderoso, capazes até de encantar um cobra, estes tipos inspiram-me, mesmo nos dias em que, parecendo Paris, me sinto Baixa da Banheira.
Em relação a este campanha pela despenalização do aborto ocorre-me uma dúvida, retórica: se eu quiser fazer um aborto terei que pegar no carro e ir a Espanha?