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cenas de gaja

21
Jul10

Fufedo ou talvez não

sissi

Não há nada melhor, quando a canícula nos entra pelo escritório adentro e o corpo pede que nos estiremos na cadeira e pensemos o menos possível, que observar as fotos das vidas dos outros, nesse antro maior de engate e de foda que é o Facebook. Ele é as poses na praia, os amores de Verão e de Inverno, os cães, as amigas e os amigos, «esta foi em Kuala Limpur», «aqui sou eu a divertir-me imenso na noite», «na praia, com o amor da minha vida». Mas as imagens que verdadeiramente me fascinam, as que me fazem endireitar na cadeira, são as que o grelame insiste colocar em poses que intuem uma (bi)sexualidade por apurar. Depois de aturado e demorado estudo, descobri que há uma tendência enorme para o auto-retrato, de língua de fora, com um olhar, meio vazio, mas que diz «sou sexy e sei disso». Não raras vezes, o grelame aparece acoplado a mais grelame, assim com as maminhas encostadas umas às outras e, claro, língua de fora, viradinha para a língua da amiga. Ora bem, nada contra. Algumas são até bem jeitosas, embora o género não me caia especialmente no palato.

 

No entanto, cogito sobre esta novel ordem, que encaixa pré-adolescentes e balzaquianas na mesma cerca, em que comer pipis se tornou arma de arremesso para o lado de lá de uma barricada, onde existem efebos e pré-andropáusicos, ávidos de uma excitação fora da rotina. Eu entendo a raiz da coisa. É tão fácil chamar a atenção desta forma que até parece mal não o fazer. Afinal de contas, é só juntar os corpos, fingir um beijo mal parido, acrescentar curiosidade natural, tirar uma foto e colocar na moldura do mundo. Já está. Tão fácil quanto juntar água, é igualmente simples receber interesse, venha ele de onde vier.

 

É claro que sei exactamente do que falo. Como sei que não pode ser bom para as cabeças em formação este innuendo social que nos enfraquece como mulheres, nos ridiculariza e nos deixa exactamente no lugar onde estamos agora: somos mais mulheres quanto mais nos assemelharmos aos homens.

 

Pergunto-me ainda quantas dessas mulheres auto-retratadas conhece o impacto que pode gerar o momento em que estamos fisicamente com alguém do mesmo sexo? A confusão que, potencialmente, se instala quando um corpo similar se encosta, verdadeiramente ao nosso? Comer pipi alheio pode ser um tudo-nada ou um nada que confunde tudo. E não há preservativos mentais que impeçam esta confusão. A não ser pensar um bocadinho.

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